Quem era adolescente e entrando para a vida adulta no final da década de sessenta lembra muito bem deste tipo de festa, pois a nossa Manaus era pequena, onde praticamente todos se conheciam pelo menos de vista e uma das diversões era fazermos festinhas em nossas casas, para dançar, beber e namorar muito.
A minha irmã Graciete era
muito festeira em sua juventude e sempre promovia, aos sábados, festa em nossa
casa, mesmo contrariando o nosso pai que não gostava nem um pouco das músicas
que curtíamos naquela época.
A turma aqui do centro
tinha a sua disposição o Sheik Clube, Bancrévia Clube, União Esportiva
(Sambão), Ideal Clube, Rio Negro Clube, Olímpico Clube e as Boites Danilo´s,
Crocodilo´s, Faces in the Groove, Starship e Spectron e outras tantas, mas, o bom
mesmo dos bons tempos era a Festa do Acocho.
Todo final do mês motivo
não faltava para fazer uma festa: aniversário de alguém da família ou de um
vizinho, conclusão de um curso (até de datilografia era motivo), férias
escolares, despedida de alguém que ia viajar ou quando não se tinha nenhum
motivo se inventava um.
A festa era mais ou menos
assim: colocavam-se lâmpadas de luz negra ou cobria as comuns com papel
celofane na cor roxa – o importante era ficar o ambiente na penumbra, pois “à
noite todos os gatos são pardos (todos são iguais ou semelhantes no escuro)”.
Ficava mais chique com a "luz estroboscópica".
A moda dos anos 70 era de
calça comprida boca de sino, vestidos românticos cheios de flores e franjas,
estampas psicodélicas e coloridas, com um visual hippie.
Os homens gostavam do
cabelo tipo “black power”, com influencia das discotecas. Muito brilho e looks
extravagantes, com o filme “Os Embalos de Sábado À Noite” influenciando muitos
jovens.
As roupas jeans era um
legitimo uniforme da moçada, com muito brilho presente em blusas, vestidos,
calças e saias. Sandálias de plataforma, colares artesanais e bijuterias.
Solta o som ai DJ - o
aparelho era 3 em 1 (toca-discos, tape deck e rádio), com discos de vinil e
fita cassete.
As músicas que faziam o maior
sucesso “A Hora de Mexer O Esqueleto”: Sociedade Alternativa (Raul Seixas), Os
Mutantes, Barato Total (Gal Costa), Doce Vampiro (Rita Lee), Dê Um Rolê (Os
Novos Baianos), Sossego (Tim Maia), Sangue Latino (Secos & Molhados), Sampa
(Caetano Veloso), Dancin Days (As Frenéticas), Apenas Um Rapaz Latino Americano
(Belchior), Cálice (Chico Buarque), O Que Será (Chico Buarque), Conga, Conga,
Conga (Gretchen) e outros mais.
O pessoal curtia mesmo era
os hits da disco music: Love To Love You, Baby (Donna Summer), I Will Survive
(Gloria Gaynor), Macho Man (Village People), Dancing Queen (ABBA), Stayin´Alive
(Bee Gees) e outros mais.
O mais esperado mesmo era
“A Hora do Acocho” – para quem não sabe o termo “acocho” era uma gíria muito
usada nos anos 70 e até 80, quando os casais se abraçavam e beijavam na boca,
ao som de músicas românticas, vizinhos(as), primos(as) – muitos até começavam
namorar naquela noite e até casavam.
Não poderia faltar uma
bebida para animar a festa: Cuba Libre; Leite de Tigre (uma mistura muito
doida); Dry Martíni; Padrinho Acrísio (bebida artesanal feita pelo nosso
vizinho Acrísio, pai de criação da Mira) e outras.
Tudo na vida passa. Os
nossos tempos bons passaram. Ficou somente a saudade da “Festa do Acocho”.
É isso ai.
Foto: www.tuacasa.com.br/festas-anos-70