Nasceu na cidade Penedo, Alagoas, no dia 5 de setembro de 1882, filho de Manoel Carneiro de Almeida e Amélia Chevalier. Foi um grande professor e jurista amazonense, formado em Ciências Sociais e Jurídicas pela nossa antiga Universidade de Manaus. Preparou um grande numero de estudantes em seu colégio, além de dirigir a Biblioteca Pública do Amazonas durante muitos anos e de exercer com esmero a função de Juiz de Direito.
Um artigo escrito por João Chrysostomo de Oliveira “Vidas e Fatos do JC de Antanho”, publicado no Jornal do Commercio, em 21 de novembro de 1993, relata parte da vida, em Manaus, do nosso homenageado,
Segundo o referido autor, a Dona Amélia, mãe do José Chevalier, era viúva de Pierre Chevalier, que emigrou da França, face o domínio napoleônico. Empolgada pelas notícias animadoras do Amazonas, decidiu deslocar-se para o “El Dorado”, alcançando Manaus nos primeiros dias de 1900.
O jovem José Chevalier que carregava um nome francês abriu as portas da alta sociedade, dominando os palacetes e mansões, que se honravam em receber o jovem mestre para as suas aulas esperadas e magistrais.
A demanda foi tão grande que resolveu adquirir um educandário já montado. O Instituto Universitário Amazonense foi fundado em 11 de abril de 1909, pelo Dr. Alberto Corrêa, inicialmente, na esquina das Ruas Quintino Bocaiúva e Leovegildo Coêlho, um casarão em estilo colonial que sobreviveu até os dias atuais, depois, mudou-se para a esquina das Ruas Doutor Moreira e Quintino Bocaiúva, sob a direção do professor Chevalier.
Na realidade, era um colégio de nível fundamental e médio com ares de mini-universidade, com internato e externato, alcançando a marca de 150 alunos (era muito em relação a população de Manaus daquela época), formando os jovens para ingressarem no curso superior, pois era a preferência da nata da sociedade.
Casou com a professora Raimunda de Paula e Souza Chevalier, tiveram dois filhos mui talentosos, Walmiki Ramayana de Paula e Souza Chevalier, médico formado pela Faculdade da Bahia, orador, escritor, romancista (No Circo Sem Teto da Amazônia) e Coronel da Polícia Militar. Emprestou o seu nome para a Biblioteca do IGHA, na Rua Bernardo Ramos. O outro filho foi o Wladimir Carlayle de Paula e Souza Chevalier, advogado brilhante, faleceu ainda muito jovem.
Estudou e se formou em Direito pela nossa universidade. Não satisfeito, foi para o Rio de Janeiro onde fez novamente o mesmo curso, concluindo com brilhantismo.
Em 1911, fundou no mesmo local a “Legião Amazonense de Escoteiros”, pois era apaixonado pela filosofia e organização educacional de inglês Baden Power. Foi o precursor do escotismo em Manaus. Formava alunos maiores de 12 anos, despertando neles a paixão cívica e fervor moral, tornando-os equilibrados e cônscios de seus deveres de solidariedade e amor a Pátria.
Segundo o poeta e escritor
Thiago de Melo (foi estudante do educandário) "O velho Chevalier tinha uma voz potente que era ouvida em todo o quarteirão e vestia-se a caráter,
com roupa e chapéu de escoteiro".
Existia um periódico editado pelos seus alunos, denominado “O Pirralho”, onde na edição de 11 de abril de 1916, fez uma homenagem pela passagem de aniversário do colégio:
“Data Gloriosa. O templo cívico onde toda uma mocidade que encerra as
mais bellas esperanças da Pátria se educa, onde a família amazonense deposita
uma juventude florescente e a quem o Amazonas já deve o preparo de muitos de
seus filhos, completa nesta data mais um aniversário de fundação. Distingue-se
sempre pela figura saliente entre os seus congêneres, pelo brilhante êxito dos
exames a que os seus alunnos são submetidos, pelo seu corpo docente competentíssimo,
escolhido dentre os mestres de mais reputação do nosso meio social. Em harmonia
com os mais aperfeiçoados methodos pedagógicos, alcançou um conceito insuperável
na nossa sociedade, producto de muito trabalho, boa vontade e energias dos incansáveis
professores que o dirigem”.
Foi
também Vice-Diretor da Escola de Declamação José de Alencar.
Teve uma brilhante carreira burocrática. Foi Amanauense (secretário) da Casa de Detenção e da Chefatura de Polícia. Diretor do Arquivo Público, Diário Oficial e da Biblioteca Pública do Amazonas, onde pediu, em 1930, a exoneração para assumir o cargo importante cargo de Juiz de Direito.
Ao lado de Péricles de Moraes, Benjamim Lima e Álvaro Maia, foi co-fundador da Sociedade Amazonense de Homens de Letras (atual Academia Amazonense de Letras), onde ocupou o cargo de Secretário, sendo o membro mais atuante e colaborador de sua revista. Foi também do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, fazendo parte da Comissão de Filologia.
O
professor faleceu no Rio de Janeiro, em 1940, ainda no vigor dos seus 58 anos
de idade, mas recebeu da nossa cidade o honroso título de CIDADÃO DO BEM, pelo
exemplo de trabalhador da educação que deixou.
Fontes:
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
Jornal
do Commercio
Jornal
O Pirralho
João
Chrysostomo de Oliveira (membro da Academia Brasileira de Língua Portuguesa e
colaborador do Jornal do Commercio)