Era 12 de setembro de 1956,
vim ao mundo às 12h45min da madrugada, no Hospital da Santa Casa de
Misericórdia, centro antigo de Manaus – a minha saudosa mãezinha, a Dona Nely
Soares Fernandes, contou-me certa vez que, ouviu o meu primeiro choro e os
badalar dos sinos da Igreja de São Sebastião, onde irei daqui a pouco rezar e
agradecer a Deus pela sexagésima passagem natalícia.
Logo ao acordar, olhei
para um imenso crucifixo que está na parede do meu quarto de dormir, fiz o
sinal da cruz e, por ser católico, rezei o Pai Nosso – ao pisar no chão,
agradeci a Deus por estar vivo.
Ao abrir a porta que dá
acesso a um pequeno jardim, recebi de presente de aniversário uma dúzia de
flores, dado pela mãe natureza (foto). Que bom!
Lembre-me daquela musica “Eu Nasci Há Dez Mil anos Atrás”,
do maluco beleza Raul Seixas, pois sou da época em que Manaus terminava no
bairro da Chapada.
Tomei banhos no Igarapé de
Manaus, Ponte da Bolívia, Cachoeira do Tarumã, Tarumazinho, Ponta Negra e
Parque Dez; pulava da Primeira e Segunda Ponte; assistia a filmes nos cines
Guarany, Politheama, Avenida e Odeon.
Assiti aos desfiles de
carnaval, militar e da abertura do Peladão, na Avenida Eduardo Ribeiro, onde
tudo acontecia, pois era a mais charmosa rua de Manaus – onde também admirava
os prédios e lugares antigos, como o Ideal Clube, Palacete Miranda Corrêa,
Prédio da Saúde, Praça do Congresso, Instituto de Educação, Tribunal de
Justiça, Teatro Amazonas, Cine Odeon, Lanchonete A Gogo, Cine Avenida, Loja
Credilar Teatro, Jornal dos Acher Pinto, Relógio Municipal, Largo da Matriz, Alfândega,
Roadway, Lobrás, Canto do Fuxico, J.G. Araújo, dentre outros.
Na minha infância, não
sabia o que era Revolução ou Intervenção Militar, mas, presenciei assustado, a
invasão dos militares na residência do governador Plinio Coelho, na Rua Huascar
de Figueiredo – tempos depois, na faculdade, foi obrigado a estudar Organização
Social Brasileira, ministrada pelos militares – vivi a época da Ditadura
Militar.
A minha família era
católica, sou filho da Dona Nely e Senhor Rocha (luthier), tenho quatro irmãos,
Graciete, Henrique, Rocha Filho e a Kelva - fui batizado na Igreja dos Remédios
– fiz a Primeira Comunhão e casei na Igreja de São Sebastião, onde participei
de um clube de jovens, a Juventude Franciscana do Amazonas.
Casei e descasei, tendo
como fruto desse casamento três filhos, Amanda, Adriana e o Alexandre, que já
me deram dois netos, a Maria Eduardo e o Victor Alexandre.
Morei no Igarapé de
Manaus, dentro de um flutuante, depois em terra – mudei com a minha família
para a Vila Paraíso, entre a Rua Tapajós e a Avenida Getúlio Vargas – ao casar,
morei no bairro da Glória e no Conjunto dos Jornalistas, onde ainda mora a
minha ex-mulher, uma filha e uma neta – por todos esses lugares conquistei a
simpatia e a amizade de centenas de vizinhos, onde tenho um bom relacionamento
até hoje.
Trabalhei em várias
empresas: Central de Ferragens, Braga & Cia, Importadora Souza Arnaud,
Orient Relógios, Casas dos óleos e Mirai Panasonic – todos os meus colegas de
trabalho são meus amigos e tenho me relacionado muito bem com muitos deles até
hoje.
Estudei nos Colégios Barão
do Rio Branco, Divina Providência, Benjamin Constant, IEA e Solón de Lucena,
depois, fiz Administração na Universidade Federal do Amazonas – pretendo,
ainda, voltar a estudar e concluir o meu Curso de Direito - todos os meus
colegas, também, tornaram-se meus amigos e festejamos muito quando nos
encontramos.
Vivi e vivo intensamente a
minha cidade, tornei-me um boêmio, frequentando os bares e botecos do centro
antigo, o Bar do Armando, Bar Caldeira, Jangadeiro, Bar dos Cornos (fechado),
Cipriano, Chão de Estrelas, ET-Bar (Bar da Loura) - curto a Banda Independente
da Confraria do Armando (BICA) e as escolas de samba de Manaus, principalmente
a Aparecida e o Reino Unido.
Adoro as musicas antigas
da MPB e dos artistas locais; curto o teatro e as obras de arte dos nossos
artistas plásticos; participo dos movimentos sociais (Projeto Jaraqui, SOS
Encontro das Águas, dentre outros), além de tirar fotografias, ler jornais
antigos e escrever no BLOGDOROCHA.
Tomei todas e ainda tomo algumas cervejas pelos botecos de Manaus - parei de fumar faz anos e, fico feliz por nunca ter provado nenhuma outra droga ilícita, apesar dos meus olhos estarem sempre avermelhados.
Moro, atualmente, na
Cidade Nova, próximo a residência do meu filho mais velho, o Alexandre – gosto
do bairro, sinto-me como estivesse no interior, onde todos ainda se conhecem
pelo nome e se chamam de vizinho (coisa antiga) – faço caminhadas no Centro de
Convivência da Família e tenho uma qualidade de vida melhor – pretendo morar em
Iranduba, bem próximo a mata amazônica e ao Rio Negro, voltar para as condições
bem agradáveis da natureza, parecidas com as da minha infância no Igarapé de
Manaus.
Aproveito o momento para
fazer um desabafo:
Trabalhei durante vinte
anos na empresa Mirai Panasonic, sendo apenas dois com carteira assinada – eles
usaram um subterfúgio para driblar a legislação trabalhista e, depois de muitos
anos, fui despedido sem direito a nada, sendo forçado a buscar reparação na
justiça trabalhista.
Fiz um acordo, porém, o
INSS não o reconheceu, negando o meu direito de aposentadoria – recorri à
justiça federal, onde perdi por duas vezes, pois o pacto trabalhista foi
prejudicial a mim, segundo o meu atual advogado – o jeito foi começar a
recolher as contribuições, voltar a trabalhar por conta própria e adiar a
merecida aposentadoria para daqui a cinco anos, caso não for mudada a
legislação (o governo quebrou a Previdência Social e os trabalhadores é que
irão pagar o pato!).
No sábado passado,
comemorei antecipadamente o meu aniversário sem falar nada para ninguém (hoje,
segunda-feira, é o Dias das Almas, não gosto de “bebemorações”) – encontrei com
os velhos amigos no Bar Aroeira, na entrada da Vila Paraíso, depois, fui ao Bar
Caldeira, onde ouvi muito chorinho e samba de qualidade, para finalizar, passei
no Bar do Armando – no domingo, comemorei em família, onde fiz uma Caldeirada
de Tucunaré para os minhas filhas Amanda e Adriana e a neta Duda.
Já plantei várias árvores, contribui para colocar três filhos no mundo e, no futuro próximo, irei publicar dois livros.
Enquanto isso “Deixa a Vida
me Levar (vida leva eu!)” – vou me aquietando, deixando um pouco de lado a
boemia, a vida agitada da cidade e me preparando para curtir a terceira e
última fase: a idade feliz!
É isso ai.
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