segunda-feira, 12 de setembro de 2016

12 DE SETEMBRO



Era 12 de setembro de 1956, vim ao mundo às 12h45min da madrugada, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, centro antigo de Manaus – a minha saudosa mãezinha, a Dona Nely Soares Fernandes, contou-me certa vez que, ouviu o meu primeiro choro e os badalar dos sinos da Igreja de São Sebastião, onde irei daqui a pouco rezar e agradecer a Deus pela sexagésima passagem natalícia.

Logo ao acordar, olhei para um imenso crucifixo que está na parede do meu quarto de dormir, fiz o sinal da cruz e, por ser católico, rezei o Pai Nosso – ao pisar no chão, agradeci a Deus por estar vivo.

Ao abrir a porta que dá acesso a um pequeno jardim, recebi de presente de aniversário uma dúzia de flores, dado pela mãe natureza (foto). Que bom!

Lembre-me daquela musica “Eu Nasci Há Dez Mil anos Atrás”, do maluco beleza Raul Seixas, pois sou da época em que Manaus terminava no bairro da Chapada.

Tomei banhos no Igarapé de Manaus, Ponte da Bolívia, Cachoeira do Tarumã, Tarumazinho, Ponta Negra e Parque Dez; pulava da Primeira e Segunda Ponte; assistia a filmes nos cines Guarany, Politheama, Avenida e Odeon.

Assiti aos desfiles de carnaval, militar e da abertura do Peladão, na Avenida Eduardo Ribeiro, onde tudo acontecia, pois era a mais charmosa rua de Manaus – onde também admirava os prédios e lugares antigos, como o Ideal Clube, Palacete Miranda Corrêa, Prédio da Saúde, Praça do Congresso, Instituto de Educação, Tribunal de Justiça, Teatro Amazonas, Cine Odeon, Lanchonete A Gogo, Cine Avenida, Loja Credilar Teatro, Jornal dos Acher Pinto, Relógio Municipal, Largo da Matriz, Alfândega, Roadway, Lobrás, Canto do Fuxico, J.G. Araújo, dentre outros.

Na minha infância, não sabia o que era Revolução ou Intervenção Militar, mas, presenciei assustado, a invasão dos militares na residência do governador Plinio Coelho, na Rua Huascar de Figueiredo – tempos depois, na faculdade, foi obrigado a estudar Organização Social Brasileira, ministrada pelos militares – vivi a época da Ditadura Militar.

A minha família era católica, sou filho da Dona Nely e Senhor Rocha (luthier), tenho quatro irmãos, Graciete, Henrique, Rocha Filho e a Kelva - fui batizado na Igreja dos Remédios – fiz a Primeira Comunhão e casei na Igreja de São Sebastião, onde participei de um clube de jovens, a Juventude Franciscana do Amazonas.

Casei e descasei, tendo como fruto desse casamento três filhos, Amanda, Adriana e o Alexandre, que já me deram dois netos, a Maria Eduardo e o Victor Alexandre.

Morei no Igarapé de Manaus, dentro de um flutuante, depois em terra – mudei com a minha família para a Vila Paraíso, entre a Rua Tapajós e a Avenida Getúlio Vargas – ao casar, morei no bairro da Glória e no Conjunto dos Jornalistas, onde ainda mora a minha ex-mulher, uma filha e uma neta – por todos esses lugares conquistei a simpatia e a amizade de centenas de vizinhos, onde tenho um bom relacionamento até hoje.

Trabalhei em várias empresas: Central de Ferragens, Braga & Cia, Importadora Souza Arnaud, Orient Relógios, Casas dos óleos e Mirai Panasonic – todos os meus colegas de trabalho são meus amigos e tenho me relacionado muito bem com muitos deles até hoje.

Estudei nos Colégios Barão do Rio Branco, Divina Providência, Benjamin Constant, IEA e Solón de Lucena, depois, fiz Administração na Universidade Federal do Amazonas – pretendo, ainda, voltar a estudar e concluir o meu Curso de Direito - todos os meus colegas, também, tornaram-se meus amigos e festejamos muito quando nos encontramos.

Vivi e vivo intensamente a minha cidade, tornei-me um boêmio, frequentando os bares e botecos do centro antigo, o Bar do Armando, Bar Caldeira, Jangadeiro, Bar dos Cornos (fechado), Cipriano, Chão de Estrelas, ET-Bar (Bar da Loura) - curto a Banda Independente da Confraria do Armando (BICA) e as escolas de samba de Manaus, principalmente a Aparecida e o Reino Unido.

Adoro as musicas antigas da MPB e dos artistas locais; curto o teatro e as obras de arte dos nossos artistas plásticos; participo dos movimentos sociais (Projeto Jaraqui, SOS Encontro das Águas, dentre outros), além de tirar fotografias, ler jornais antigos e escrever no BLOGDOROCHA.

Tomei todas e ainda tomo algumas cervejas pelos botecos de Manaus - parei de fumar faz anos e, fico feliz por nunca ter provado nenhuma outra droga ilícita, apesar dos meus olhos estarem sempre avermelhados.

Moro, atualmente, na Cidade Nova, próximo a residência do meu filho mais velho, o Alexandre – gosto do bairro, sinto-me como estivesse no interior, onde todos ainda se conhecem pelo nome e se chamam de vizinho (coisa antiga) – faço caminhadas no Centro de Convivência da Família e tenho uma qualidade de vida melhor – pretendo morar em Iranduba, bem próximo a mata amazônica e ao Rio Negro, voltar para as condições bem agradáveis da natureza, parecidas com as da minha infância no Igarapé de Manaus.

Aproveito o momento para fazer um desabafo:

Trabalhei durante vinte anos na empresa Mirai Panasonic, sendo apenas dois com carteira assinada – eles usaram um subterfúgio para driblar a legislação trabalhista e, depois de muitos anos, fui despedido sem direito a nada, sendo forçado a buscar reparação na justiça trabalhista.

Fiz um acordo, porém, o INSS não o reconheceu, negando o meu direito de aposentadoria – recorri à justiça federal, onde perdi por duas vezes, pois o pacto trabalhista foi prejudicial a mim, segundo o meu atual advogado – o jeito foi começar a recolher as contribuições, voltar a trabalhar por conta própria e adiar a merecida aposentadoria para daqui a cinco anos, caso não for mudada a legislação (o governo quebrou a Previdência Social e os trabalhadores é que irão pagar o pato!).

No sábado passado, comemorei antecipadamente o meu aniversário sem falar nada para ninguém (hoje, segunda-feira, é o Dias das Almas, não gosto de “bebemorações”) – encontrei com os velhos amigos no Bar Aroeira, na entrada da Vila Paraíso, depois, fui ao Bar Caldeira, onde ouvi muito chorinho e samba de qualidade, para finalizar, passei no Bar do Armando – no domingo, comemorei em família, onde fiz uma Caldeirada de Tucunaré para os minhas filhas Amanda e Adriana e a neta Duda.

Já plantei várias árvores, contribui para colocar três filhos no mundo e, no futuro próximo, irei publicar dois livros.

Enquanto isso “Deixa a Vida me Levar (vida leva eu!)” – vou me aquietando, deixando um pouco de lado a boemia, a vida agitada da cidade e me preparando para curtir a terceira e última fase: a idade feliz!



É isso ai.


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