A jardinagem remonta aos jardins europeus que enfeitavam nossa cidade no período áureo da borracha, através de espécies compatíveis com o clima amazônico, a Prefeitura de Manaus, por meio de sua equipe de arquitetos, buscou transformar a Praça da Saudade em um lugar de contemplação.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
INAUGURAÇÃO DA PRAÇA 5 DE SETEMBRO - PRAÇA DA SAUDADE
A jardinagem remonta aos jardins europeus que enfeitavam nossa cidade no período áureo da borracha, através de espécies compatíveis com o clima amazônico, a Prefeitura de Manaus, por meio de sua equipe de arquitetos, buscou transformar a Praça da Saudade em um lugar de contemplação.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
MEMORIAL ENCONTRO DAS ÁGUAS

GRITO DE CONVOCAÇÃO DO MOVIMENTO S.O.S. ENCONTRO DAS ÁGUAS
Data: 01/05/2010 (sábado) 15:00 h.
Local: IFAM (antiga Escola Agrotécnica Federal), no Instituto de Permacultura do Amazonas (IPA), Av. André Araujo, Bairro Zumbi, atrás da feirinha da Escola (IFAM). Passar a bola do São José e após 3 km entrar à direita pela estrada do Castanhal situada na frente da guarita principal da Escola Agrotécnica.
Proposta de Pauta:
15:00 – 15:30 h – Apresentações de outras lutas socioambientais atuais pelos cidadãos e organizações presentes na reunião.
15:30 – 16:00 h – Histórico, informes e respostas às duvidas do S.O.S. Encontro das Águas contra o Porto da Lajes.
16:00 – 16:10 h – Organização dos grupos de trabalho para estabelecimento de novas e agenda de luta:
GT 1 – Conhecimento científico e popular sobre os povos e os recursos naturais do Encontro das Águas; GT 2 – Comunicação; GT 3 – Educação ambiental e sensibilização; GT 4 - Estratégias Políticas e Jurídicas; GT 5 – Projetos para sustentabilidade do Encontro das Águas.
16:10 – 16:50 h – Construção das propostas de planejamento por Grupo de Trabalho.
16:50 – 17:40 h – Apresentação do resultado de planejamento dos Grupos de Trabalho (10 minutos para cada Grupo)
17:40 – 18:00 h – Planejamento e discussão final
Se não formos capazes de preservar o Encontro das Águas, símbolo maior de nossa identidade cultural e natural, estaremos reprovados publicamente para gerir sustentavelmente qualquer outro bem comum da nossa Amazônia.
Inteligência Ambiental: Com a ampliação do Movimento deve-se ter todo cuidado para se identificar os militantes, excluindo dessa feita os lobistas, penetras e oportunistas.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
MERCADO ADOLPHO LISBOA

O Mercado Municipal Adolpho Lisboa, um dos mais importantes centros de comercialização de produtos regionais em Manaus, foi construído no período áureo da borracha. Por ser um dos mais importantes exemplares da arquitetura de ferro e, não tendo similar em todo mundo, foi tombado em 1º de julho de 1987 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Antes da existência do mercado funcionava no local, a Ribeira dos Comestíveis para comercializar produtos vindos do interior do Amazonas. A ribeira supria as necessidades da cidade, mas, com o início do ciclo da borracha,Manaus sofreu um intenso processo de migração, aumentando a demanda de produtos. Desta forma, os governantes da época perceberam a necessidade de construir um Mercado Público.
Foi assim, que em 1880, começou a montagem do Mercado. Os pavilhões de ferro foram importados da Europa. Com duas fachadas totalmente distintas, uma de frente para o rio Negro e outra para a Rua dos Barés. O conjunto foi construído com quatro pavilhões: o principal, central e maior; dois laterais (de peixe e carne) e o “Pavilhão das Tartarugas”.
O corpo central do edifício é vazado por um portão, cuja bandeira ocupa quase a metade do segundo pavimento. No térreo, esse portão é ladeado por duas janelas de vergas retas coroadas com frontões triangulares, e no segundo pavimento há dois pares de janelas geminadas.
Sobre a bandeira do portão principal, existe uma cartela cravada com o nome Adolpho Lisboa que, na época da construção da fachada, era prefeito da cidade de Manaus. Posteriormente Lisboa deu o nome ao mercado.
A construção do mercado ficou a cargo da firma "Bakus & Brisbin", de Belém, com pavilhões construídos em estrutura de ferro, pela firma "Francisc Norton, Engineers, Liverpool".
Sua inauguração se deu em 1883. Dessa época é datado o edifício principal. Trata-se de um galpão de aproximadamente 45 metros de comprimento, e 42 de largura, construído em estrutura de ferro. A estrutura é sustentada por 28 colunas, sendo os parapeitos onde estas se apoiam, e as duas salas laterais, em alvenaria de pedra e tijolo. Seu calçamento é de laje de cantaria, de forma retangular, e sua rua central é calçada em paralelepípedos.
As salas laterais possuem vinte "boxes", separados entre si, por grades de ferro, possuindo, cada um, balcões de madeira, com tampo em mármore. Em 1890 foram construídos dois outros pavilhões (galpões) laterais de igual tamanho, também com estrutura de ferro e cobertura de zinco. Os "novos" pavilhões possuem 360 m2 de área útil. Sua estrutura é formada por beirais abertos, encimados pior arcos de ferro, os quais são sustentados por colunas, também em ferro. Nas duas fachadas principais, fechando os arcos, há gradis de ferro com ornatos decorados, acompanhados por vidros coloridos.
Pavilhão posterior foi construído em 1908
Por volta de 1908, foi construído o pavilhão posterior para a comercialização, na época, de tartarugas, o qual possuía iluminação à querosene. Tal pavilhão teve a estrutura em ferro construída pela companhia "Walter Macfarlane, Glasgow". Seu formato difere dos outros, sendo este totalmente fechado, possuindo cobertura em quatro águas e feita com chapas onduladas.
A construção possui venezianas em todo o seu contorno, tendo oito entradas de acesso (uma em cada fachada principal, e três em cada lateral). Possui frontões formados por gradis ornados em ferro, e vidros coloridos. Ladeando esse pavilhão existem dois menores, de forma octogonal, possuindo também venezianas laterais em seu contorno e janelas em vidro (acima das venezianas).
Todas as janelas possuem gradis de ferro decorados por motivos florais.
Atualmente o mercado passa por reforma das áreas deterioradas pelo tempo ou descaracterizadas por reformas anteriores.
terça-feira, 27 de abril de 2010
FREI FULGÊNCIO MONACELLI
domingo, 25 de abril de 2010
A HISTÓRIA DO IPHAN E A SUA ATUAÇÃO NO AMAZONAS
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, conhecido pela sigla de IPHAN, foi criado em 13 de Janeiro de 1937, através da Lei no. 378, no governo de Getúlio Vargas; encontra-se, atualmente, contemplado pelo artigo 216, da Constituição Federal.
Na Carta Magna, define-se patrimônio cultural a partir de suas formas de expressão, de seus modos de criar, fazer e viver; das criações científicas, artísticas e tecnológicas; das obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados as manifestações artístico-culturais; e dos conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico. A Constituição também estabelece que cabe ao Poder Público, com o apoio da comunidade, a proteção e gestão do patrimônio histórico e artístico do país.
O IPHAN é uma instituição pública federal, ligada ao Ministério da Cultura, com mais de setenta anos de atuação no Brasil, merecedora do maior respeito como instituição. Em Manaus, este órgão está em evidência, em decorrência da pendenga jurídica com o Ministério Público Federal do Amazonas – os dirigentes teimam em não cumprir a determinação do tombamento provisório do “Encontro das Águas” dos rios Negro e Solimões.
A instituição continuará com a sua luta pela preservação do nosso patrimônio cultural, os dirigentes passarão, poucos ficarão na história – os atuais, estão sob suspeição, o que é muito lamentável – o professor da UFAM e antropólogo Aldemir Ramos escreveu o seguinte: “Depois da determinação da Justiça Federal suspendendo de imediata o licenciamento do Porto das Lajes, que beneficiava diretamente a empresa Lajes Logística S/A, que tem por traz a Log-In Logística intermodal, que é uma das controladas da Vale, a Liminar concedida pela Juíza da 3ª Vara Federal, Maria Lúcia Gomes de Souza, datada de 29 de março, obriga também o Instituto de Proteção Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a cumprir em 180 dias, (seis) meses, o Tombamento provisório do Encontro das Águas, salvaguardando a integridade física, estética, ambiental e cultural desse patrimônio, que muito significa aos Manauaras e para todo o ecossistema Amazônico.O IPHAN é réu no processo por prevaricar quanto à responsabilidade da conservação desse bem natural e cultural do povo brasileiro. Por essas e outras razões, o Ministério Público Federal ouvindo o grito do Movimento S.O.S. Encontro das Águas formalizou em juízo Ação Cautelar, reclamando pela proteção desse patrimônio que para os Amazonenses não tem preço, mas certamente, encerra em sua magnitude valor natural, cultural e identitário.Do momento em que a Liminar foi publicada, o superintende do IPHAN do Amazonas, Juliano Valente, tem afrontado a Justiça, dando entrevista dizendo que não está convencido de que a construção do Porto das Lajes vai de fato depredar o Encontro das Águas. Na Democracia, onde a Justiça é cultuada entre os poderes, a Lei deve ser cumprida, em particular pelos institutos republicanos e pelos Agentes Públicos. Quando não, se recorre da decisão para reparar tal erro a luz do Direto visando à plena realização da Justiça. A parcialidade do superintende do IPHAN do Amazonas é abominável. Por isso, a expectativa que tínhamos era que o presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida, quando aqui chegasse viesse para restaurar o diálogo com o Ministério Público e com a Sociedade Civil Organizada, que se manifesta por meio do Movimento Socioambiental S.O.S. Encontro das Águas.Tudo ilusão, parece que o vício é estrutural e a corrupção colocou de ponta cabeça os valores elementares republicanos. O presidente do IPHAN esteve na terça-feira (13) em Manaus, alugou um helicóptero e convidou para fazer parte de sua comitiva o lobista da empresa interessada em construir o Porto das Lajes nas imediações do Encontro das Águas. José Alberto Machado é sem dúvida o garoto propaganda do empreendimento, participa dos debates públicos defendendo abertamente o interesse da obra e fazendo questão de assumir compromisso com as empresas responsáveis".
O poder executivo de Manaus e o governo do Amazonas estão empenhados em preparar a cidade para ser a subsede da Copa do Mundo de 2014 – a revitalização do centro antigo é tema constante – O IPHAN terá um papel importantíssimo neste processo.
Ficam as perguntas que não querem calar:
O que será do centro antigo de Manaus em decorrência do não comprometimento (omissão) do atual superintendente Júliano Valente?
E o que será do Encontro das Águas se o superintendente regional e o presidente nacional do IPHAN são favoráveis a construção do Porto das Lajes?
Apesar de todo o trabalho sério levado a cabo pelo IPHAN nestes setenta anos, ficamos a mercê de alguns maus brasileiros que foram guindados a direção deste importante orgão público, pois não estão nem ai para o patrimônio cultural e paisagistico brasileiro, o que interessa para eles é amealhar bens materais, o resto é resto!.
Todos nós, membros da socidade civil organizada, não iremos calar, o Movimento Ambiental S.O.S. Encontro das Águas continuará a lutar com todas as armas possíveis, para preservar o Encontro das Águas, juntamente com a Associação Amigos de Manaus, lutaremos pela revitalização do centro antigo de Manaus, não nos curvaremos aos desmandos e omissões do superintendente regional e do presidente nacional do IPHAM. É isso ai!
sábado, 24 de abril de 2010
CASTELINHO DA VILA MUNICIPAL DE MANAUS

sexta-feira, 23 de abril de 2010
MANAUS - SEXTA-FEIRA, 23 DE ABRIL DE 2010
Os técnicos da Prefeitura de Manaus estavam babando de vontade de colocar chão abaixo, a fachada do prédio histórico localizado na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Rua Marechal Deodoro, única parte que sobrou do incêndio ocorrido na segunda-feira passada. Houve a intervenção do Dr. Robério Braga, Secretário Estadual de Cultura, conseguiu a autorização do Prefeito Amazonino Mendes, ficando com a responsabilidade da preservação da fachada por parte do governo do Amazonas. Os engenheiros farão a instalação de escoras para a sustentação das paredes e fachadas, será um projeto semelhante ao que fizeram no prédio do Cabaré Chinelo, centro antigo de Manaus.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
22 DE ABRIL - DESCOBRIMENTO DO BRASIL
terça-feira, 20 de abril de 2010
FOGO DESTRÓI PRÉDIO ANTIGO DE MANAUS
segunda-feira, 19 de abril de 2010
A MÚSICA E O MEDIUNISMO - CHICO DA SILVA E CHICO XAVIER
sábado, 17 de abril de 2010
SALADA DE MANAUS - DÉCADAS DE 60 A 80
sexta-feira, 16 de abril de 2010
O DESTINO DE AURISTINO
07/12/1993 - A Crítica
Essa crônica foi publicada originalmente no jornal A Crítica, em 07/12/1993. Aparece aqui como homenagem ao escritor Áureo Nonato, falecido em 10 de março de 2004.
Quis o destino malino, ou um vaticínio divino, que o nome do menino fosse Auristino. Podia muito bem - e eu opino e assino - chamar-se Levino, Paulino, Silvino, Erondino ou qualquer outro nome típico de militante do PC do B no Amazonas.
- Éguate! Levino não! Levino é nome de filhote de peixe - protestou indignada minha tia Ernestina, irmã de dona Elisa, confundindo alevinos com bugalhos. Em seu tresloucado amor pelo escritor Áureo Nonato, titia sonhou com um filho, cujo nome seria a fusão dos dois: Áureo e Ernestina. Nasceu, desta forma, o Auristino.
Quer dizer, ´nasceu´ é uma força de expressão. Como o leitor já ficou sabendo, Auristino é ´non nato´, isto é, não nascido. Só existiu mesmo na vontade e na imaginação da titia, porque no dia 6 de fevereiro de 1938, o Áureo embarcava no navio Prudente de Moraes em direção ao Rio de Janeiro, como voluntário do Exército Brasileiro, deixando minha tia debulhada em lágrimas, inconsolável, grávida no pensamento, ninando em seus braços o filho que só existia em seus devaneios.
Recriando o passado
Tu e eu, leitor, podemos juntos ninar essa criança, que pode existir também em nossa fantasia. Basta, para isso, impedirmos ou, pelo menos, adiarmos a viagem de Áureo, como no filme "De volta para o futuro". O que aconteceria se o Áureo não tivesse se picado em 1938?
Bom, em primeiro lugar, o 14º Regimento de Infantaria do 1º Exército, sediado em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, perderia um soldado valente e combativo. Em segundo lugar, "Antônio Branquinho e Manuel Tibúrcio Bessa convidam para o enlace matrimonial de seus filhos Áureo e Ernestina a realizar-se no dia 7 de dezembro de 1943 na igreja de São Raimundo Nonato. Após a cerimônia, os nubentes recepcionarão os convidados com uma farta buchada no salão paroquial". Hoje estaríamos comemorando as suas bodas de ouro, com outra buchada.
É isso aí! Depois de quatro anos de noivado, os dois se casaram, e o Auristino, meu primo, nascia em 1944. Dou o desconto de nove meses, para que dona Alvina, a tacacazeira da Xavier de Mendonça, não fique espalhando que titia casara com o vestido cada dia mais curto.
Qual seria, então, o provável destino de Auristino?
O Áureo Nonato, todo sabemos, é um boêmio inveterado. Gosta da noite, de serenatas, de festas e de papo em mesa de bar. Minha tia - tu não sabes, mas eu te conto - era muito caseira e moralista. Essa diferença de temperamento geraria, indubitavelmente, conflitos no lar, conforme já advertira repetidas vezes vovó Maria Elisa. O casamento agüentaria no máximo uns cinco anos, e por volta de 1950 o casal se separaria. Para não ser azucrinado pela titia, o Áureo, finalmente, se mudaria para o Rio de Janeiro.
A dupla Tino-Nino
- Bem que eu te disse, Ernestina, que esse casamento não podia dar certo. Ora tibis! - recriminaria a velha Maria Elisa, ajeitando o coque e dando uma baforada em seu cachimbo.
Estamos em 1950, leitor. A tia Ernestina tem que educar, sozinha, o seu filho Auristino, de seis anos. Pensa bem. Te coloca no lugar dela por alguns minutos. O Áureo, muito correto, manda religiosamente a mesada do menino, ao contrário de uns-e-outros. Mas nós sabemos muito bem, leitor, que uma criança necessita da presença física da figura paterna. A ausência do pai acabou transformando o Auristino em um menino re-vol-ta-do, re-bel-de, uma criança-problema.
Expulso em 1960 do Colégio Dom Bosco por haver chutado no meio das pernas do padre Felinto, quando ele lhe aplicava um "chá-de-burro", Auristino conseguiu se matricular no curso clássico do Colégio Estadual, graças à intervenção de seus tios Manoel e Esmeraldo, que lá ensinavam. Aí conhece alguns maus elementos, se envolve em más companhias e forma a famosa dupla Auristino-Amazonino, o terror dos bedéis.
Aos trancos e barrancos, colando nas provas, fazendo política estudantil para melhor pressionar e impressionar os professores, surrupiando o dinheirinho suado da titia para gastar em esbórnias e herzegovínias, Auristino consegue terminar o segundo grau. Dizem as más línguas que o seu diploma é igual ao do Ronaldo Tiradentes, o monoglota. Mas isso eu não posso provar.
Mamãe, cadê papai?
Com um diploma duvidoso de segundo grau, Auristino tem duas opções, dois caminhos trilhados pelos jovens de Manaus na época: ou faz como o seu pai e viaja para o Rio de Janeiro a fim de tentar a sorte, ou presta concurso para o Banco do Brasil e se matricula à noite na Faculdade de Direito do Amazonas.
Sou imparcial. Tenho coragem de criticar os equívocos da própria família. A titia errou, leitor, na educação do Auristino, essa é que é a verdade nua e crua, dura de admitir. Errou sim. Durante anos, ela jogou o filho contra o pai, cujo nome nunca pronunciou depois da separação. Só chamava o Áureo de "ELE" ou de "O bucheiro". Com muito rancor, ela dizia ao filho que "ELE" era um irresponsável. "Um escritor", ela falava e isso soava mais ofensivo em sua boca do que se fosse "um bandido".
- Mana, você vai perturbar a cabeça desse menino - advertia dona Elisa, que o preparou para a primeira comunhão, dando-lhe aulas de catecismo. Mas de nada adiantou ensinar-lhe a rezar. O Auristino, efetivamente, ficou perturbado. Queria ver o diabo, o Amazonino, o De Carli e o Gilberto Miranda juntos, encapetados, mas não admitia sequer um papo com "ELE". Por isso, a primeira opção - ir para o Rio de Janeiro, onde residia seu pai - estava descartada. Restava a segunda. Fez concurso para o Banco do Brasil e levou pau. Mas usando a metodologia do Ronaldo Tiradentes, conseguiu entrar na Faculdade de Direito.
Com seu salário minguado de professora primária e costurando para fora - costurando mesmo, leitor, que Ernestina Bessa era mulher honrada - a titia custeou a faculdade do Auristino. Em 1970, depois de "conquistar" o segundo lugar no concurso fajutado de "melhor orador do Brasil" (o primeiro lugar, também fajutado, todo mundo sabe quem tirou), Auristino obtém o diploma de advogado, mas, data venia, não sabe o que é uma ação redibitória, um efeito repristinatório, uma liminar, não sabe redigir uma petição.
Auristino ressarcido
Se depois de formado, Auristino tivesse conhecido um pedreiro com a sorte lotérica do João Alves, hoje poderia muito bem ser o prefeito de Manaus, ou até mesmo senador - quem sabe? Mas quem conheceu o pedreiro foi seu parceiro.
Vinte e três anos se passaram. Hoje, Auristino, para vergonha de seu pai, deste seu primo que vos fala e de toda a família, é um vereador de Manaus. Ressarcido. Líder do prefeito na Câmara Municipal, mantendo a velha dupla Tino-Nino dos tempos de estudante
As suas primas Preta, Céu, Teca, Lúcia Helena, Cacau e Mona, todas professoras municipais, bebem a pior água do Brasil processada pela COLAMA; pagam Cr$90,00 por uma passagem de ônibus, quando no Rio de Janeiro é Cr$56,00, e ganham um salário miserável que há tempos não é reajustado, porque o prefeito não vem cumprindo o Plano de Cargos e Salários. Dois maridos de suas primas, médicos da rede municipal, receberam no mês de novembro o salário infame de Cr$35.000,00. Por isso, vão passar o Natal em greve.
Enquanto isso, Auristino, que falsificou recibos pra obter ressarcimentos médicos, está bem de vida e tranqüilão, porque a desmontagem da rede de corrupção no mundo e no resto do Brasil não chega ao Amazonas. O mafioso Pugliesi foi extraditado para a Itália. Pablo Escobar foi morto. O PC Farias entrou em cana. Mas em Manaus, o presidente da CPI que investiga denúncia de emissão de recibos falsos nos ressarcimentos médicos, Bosco Saraiva (MDB, vixe!), pediu prorrogação de prazo para depois do carnaval, dando a maior canja aos criminosos, quando o prazo final para a entrega do seu relatório era ontem.
A Assembléia Legislativa do Amazonas obstaculiza a criação de CPI para investigar a corrupção. O Poder Judiciário beneficia César Bonfim, o chefe dos ressarcidos, envolvido em mil fraudes. Em Itacoatiara, um simples pedido de esclarecimento sobre uso de verbas públicas ao prefeito Mamudinho é indeferido.
Por isso, Auristino está tranqüilão. Votou contra o projeto moralizador do Serafim Correia, que obriga prefeitos, vereadores e secretários a apresentarem declarações de rendimentos à Receita Federal, mas aprovou emenda ao projeto do Leonel Feitosa, que incluía as "concubinas" na declaração. No dia 10 de dezembro, o primo Auristino estará em Coari, acompanhado de uma vidente, na inauguração da Festa da Banana, dando a maior banana para todos nós.
Pai é pai
Desgostoso com a situação de seu filho, Áureo Nonato não conseguiu a paz necessária para escrever "Os Bucheiros" e "Porto das Catraias", havendo cuspido todos os caroços de pitomba. A literatura amazonense ficou empobrecida, sem os seus livros. A tia Dedé ficou de mau comigo, espinafrando: -"Babá, você não devia criticar o Auristino. Ele é ladrão, mas antes de tudo é seu primo".
Sinceramente, só não esculhambo mais o Auristino, porque não quero ferir a tia Dedé, nem ofender meu amigo Áureo. Tudo bem. O Áureo não é responsável pelo monstro ético que gerou, mas te coloca na pele dele, leitor!. Ele deve sofrer muito com isso. Afinal, pai é pai. Além disso, sigo a filosofia do De Carli que, perguntado por que era tão criticado, respondeu na maior cara-de-pau: "Só se atira pedras em árvores que dão bons frutos". Rá-rá-rá! Bons frutos! Logo quem? O De Carli. Rá-rá-rá.
PS - Recado para o Áureo: Meu amigo, foi melhor assim. Você fez muito bem em pegar aquele navio em 1938 para ir morar no Rio de Janeiro. Olha só, meu irmão, a peça que o destino iria nos pregar, se você ficasse em Manaus: o meu primo, o teu filho, o filho da tia Ernestina, fazendo parte de uma quadrilha engravatada. Passa a mão aqui no meu braço. Eu fico arrupiadinho só em pensar na existência do Auristino Bessa Nonato.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
FOTOS DA AMAZÔNIA
quarta-feira, 14 de abril de 2010
A PAIXÃO PELA FOTOGRAFIA




