quarta-feira, 22 de maio de 2024

O SINO DA LEI DA 'CREOLINA'

 

                                                             Foto: José Rocha

Por José Rocha

Ao entrar pelo portão principal do Mercado Adolpho Lisboa, depara-se ao lado direito com um sino sem o badalo (foi retirado pois as pessoas batiam nele constantemente, inclusive eu fiz isso também), que foi colocado naquele local durante a última reforma do 'Mercadão', em 2013.

Ele possui história.

Foi fabricado em Pádua, na Itália, pela Fundição Coleachini, exatamente na Belle Époque manauara, anos de riqueza e opulência, quando a cidade de Manaus encomendava produtos de alta qualidade na Europa.

Ele foi inaugurado em 1903, pelo Superintendente Municipal (Prefeito) da época, Dr. Martinho de Luna Alencar.

Como não existia, na época, sistemas de refrigeração, as carnes frescas de vacum possuíam um prazo mínimo de validade para a venda à população.

Através da Lei 291, de 3 de março de 1903, ficou estabelecido o seguinte: até às nove da manhã o preço da carne seria de mil e quinhentos réis; das nove até às dez, caía para mil réis.

Exatamente às dez horas, os fiscais começavam a tocar o badalo deste sino.

Era a hora da desinfecção das mesas do talho, onde era aplicada a creolina, um germicida e desinfectante
com um odor muito forte.

As pessoas mais pobres esperavam até antes das dez da manhã para comprar carnes a um preço bem reduzido.

Este hábito perdurou por muito tempo, até a chegada dos freezers e congeladores, quando terminou a 'Lei da Creolina'.

Passados 121 anos, este sino encontra-se no Mercadão para que todos os manauaras conheçam a sua história e a da cidade de Manaus.