Fica na Avenida Eduardo Ribeiro,
quase em frente ao Ideal Clube, pertence à família Loureiro. É belíssimo, muito
imponente, está bem conservado, com os jardins bem cuidados, possui dois
pavimentos, com escadas na lateral direita e garagem com detalhes em madeira,
saída pela Rua 10 de Julho, imagine como deve ser o interior, com certeza, deve
ser uma maravilha!
O portal principal foi construído
na França, na empresa Guillot Pelletier Constructeurs. Orléans. Acredito que
somente os membros da família sabem da origem do portão e talvez poucos
historiadores. Hoje é muito difícil encontrar uma serralheria que faça um
portão com arte. Os atuais duram apenas alguns anos. Esse ai pode durar
centenas de anos!
Faz gosto passar pela Avenida
Eduardo Ribeiro e ficar admirando aquela obra de arte tão bem conservada pela
família Loureiro, pois as fachadas das residências no inicio do século passado
eram trabalhadas com esmero, faziam um trabalho artístico nos seus
frontispícios, ficava, realmente, uma obra de arte.
O entorno é muito arborizado,
dizem que as árvores que ficam bem em frente ao prédio foram plantadas pela
Dona Chloé, sendo que uma delas foi envenenada e teve que ser cortada pelo
Corpo de Bombeiros.
O imóvel foi construído em 1912,
pertenceu ao Senador Aristides Rocha (1882-1950). Segundo os historiadores,
assim que terminou o Tenentismo (em 28 de agosto de 1924) iniciaram-se várias
disputas pelo controle político do Estado entre grupos e facções. Com isso
Aristides apresentou ao senado federal um projeto pedindo a intervenção Federal
no Amazonas, alegando ausência dos poderes Executivo e Legislativo no Estado. O
pedido foi aceito, e o mineiro Alfredo Sá foi nomeado ao governo com a missão
de acalmar as disputas políticas, feito que conseguiu através da unificação
partidária.
Após a morte do Senador Aristides
Rocha, o imóvel foi adquirido pelo empresário Thales de Menezes Loureiro, o
fundador da empresa comercial T. Loureiro & Companhia.
A sua esposa era a Dona Chloé
Souto Loureiro (faleceu em 2017 aos 94 anos de idade), acreana de Sena
Madureira matriarca de uma das famílias mais tradicionais de Manaus, com o qual
tiveram nove filhos, incluindo o famoso historiador Antônio Loureiro. Ela foi
fundadora da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), escritora
de mão cheia, faz muito sucesso com as suas receitas de bolos e quitutes.
Lançou dois livros que fizeram o maior sucesso no Brasil afora “Doces
lembranças” e “Ao Sabor das lembranças”.
Os seus filhos sempre primaram em
conservar os imóveis da família, inclusive, mantiveram as fachadas dos antigos
prédios comerciais de sua propriedade, apesar de todo o apelo comercial
reinante entre a maioria dos empresários do centro antigo de Manaus que fazem
uma verdadeira poluição visual no local.
Este imóvel da família Loureiro
servirá de exemplo para os proprietários dos demais prédios históricos do
centro da cidade, pois fez cem anos em 2012 e continua bonito e muito bem
conservado, um exemplo de amor e um presente para a cidade de Manaus que
completa agora 351 anos.
É isso ai.
Foto: José Rocha
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