quinta-feira, 22 de outubro de 2020

PRÉDIO CENTENÁRIO DA FAMÍLIA LOUREIRO - UM PRESENTE PARA OS 351 ANOS DE MANAUS

 

Fica na Avenida Eduardo Ribeiro, quase em frente ao Ideal Clube, pertence à família Loureiro. É belíssimo, muito imponente, está bem conservado, com os jardins bem cuidados, possui dois pavimentos, com escadas na lateral direita e garagem com detalhes em madeira, saída pela Rua 10 de Julho, imagine como deve ser o interior, com certeza, deve ser uma maravilha!

O portal principal foi construído na França, na empresa Guillot Pelletier Constructeurs. Orléans. Acredito que somente os membros da família sabem da origem do portão e talvez poucos historiadores. Hoje é muito difícil encontrar uma serralheria que faça um portão com arte. Os atuais duram apenas alguns anos. Esse ai pode durar centenas de anos!

Faz gosto passar pela Avenida Eduardo Ribeiro e ficar admirando aquela obra de arte tão bem conservada pela família Loureiro, pois as fachadas das residências no inicio do século passado eram trabalhadas com esmero, faziam um trabalho artístico nos seus frontispícios, ficava, realmente, uma obra de arte.

O entorno é muito arborizado, dizem que as árvores que ficam bem em frente ao prédio foram plantadas pela Dona Chloé, sendo que uma delas foi envenenada e teve que ser cortada pelo Corpo de Bombeiros.

O imóvel foi construído em 1912, pertenceu ao Senador Aristides Rocha (1882-1950). Segundo os historiadores, assim que terminou o Tenentismo (em 28 de agosto de 1924) iniciaram-se várias disputas pelo controle político do Estado entre grupos e facções. Com isso Aristides apresentou ao senado federal um projeto pedindo a intervenção Federal no Amazonas, alegando ausência dos poderes Executivo e Legislativo no Estado. O pedido foi aceito, e o mineiro Alfredo Sá foi nomeado ao governo com a missão de acalmar as disputas políticas, feito que conseguiu através da unificação partidária.

Após a morte do Senador Aristides Rocha, o imóvel foi adquirido pelo empresário Thales de Menezes Loureiro, o fundador da empresa comercial T. Loureiro & Companhia.

A sua esposa era a Dona Chloé Souto Loureiro (faleceu em 2017 aos 94 anos de idade), acreana de Sena Madureira matriarca de uma das famílias mais tradicionais de Manaus, com o qual tiveram nove filhos, incluindo o famoso historiador Antônio Loureiro. Ela foi fundadora da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), escritora de mão cheia, faz muito sucesso com as suas receitas de bolos e quitutes. Lançou dois livros que fizeram o maior sucesso no Brasil afora “Doces lembranças” e “Ao Sabor das lembranças”.

Os seus filhos sempre primaram em conservar os imóveis da família, inclusive, mantiveram as fachadas dos antigos prédios comerciais de sua propriedade, apesar de todo o apelo comercial reinante entre a maioria dos empresários do centro antigo de Manaus que fazem uma verdadeira poluição visual no local.

Este imóvel da família Loureiro servirá de exemplo para os proprietários dos demais prédios históricos do centro da cidade, pois fez cem anos em 2012 e continua bonito e muito bem conservado, um exemplo de amor e um presente para a cidade de Manaus que completa agora 351 anos.

É isso ai.

Foto: José Rocha



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