Foto: José Rocha
Por
José Rocha
Ao
entrar pelo portão principal do Mercado Adolpho Lisboa, depara-se ao lado
direito com um sino sem o badalo (foi retirado pois as pessoas batiam nele
constantemente, inclusive eu fiz isso também), que foi colocado naquele local
durante a última reforma do 'Mercadão', em 2013.
Ele
possui história.
Foi
fabricado em Pádua, na Itália, pela Fundição Coleachini, exatamente na Belle
Époque manauara, anos de riqueza e opulência, quando a cidade de Manaus
encomendava produtos de alta qualidade na Europa.
Ele
foi inaugurado em 1903, pelo Superintendente Municipal (Prefeito) da época, Dr.
Martinho de Luna Alencar.
Como
não existia, na época, sistemas de refrigeração, as carnes frescas de vacum
possuíam um prazo mínimo de validade para a venda à população.
Através
da Lei 291, de 3 de março de 1903, ficou estabelecido o seguinte: até às nove
da manhã o preço da carne seria de mil e quinhentos réis; das nove até às dez,
caía para mil réis.
Exatamente
às dez horas, os fiscais começavam a tocar o badalo deste sino.
Era
a hora da desinfecção das mesas do talho, onde era aplicada a creolina, um
germicida e desinfectante
com um odor muito forte.
As
pessoas mais pobres esperavam até antes das dez da manhã para comprar carnes a
um preço bem reduzido.
Este
hábito perdurou por muito tempo, até a chegada dos freezers e congeladores,
quando terminou a 'Lei da Creolina'.
Passados
121 anos, este sino encontra-se no Mercadão para que todos os manauaras
conheçam a sua história e a da cidade de Manaus.