Por José Rocha
A Avenida Constantino
Nery, em Manaus, é uma das principais vias de acesso ao centro da cidade. Com mais
de um século de existência, essa antiga via tem uma rica história e passou por
várias denominações ao longo do tempo. Seu nome homenageia um governador que
desempenhou um papel significativo na sua transformação.
No final do século XIX, essa
avenida era conhecida como Estrada de Epaminondas, terminando no bairro de
Flores, um lugar distante na época. Nesta região existia a Chácara
Pensador, uma propriedade pertencente ao governador Eduardo Ribeiro, hoje,
no local, encontramos a UBS Walter Rayol, o Centro Psiquiátrico
Eduardo Ribeiro e o Hemoam. Uma linha de bonde elétrico chamada
“Flores” conectava o centro à Colônia João
Alfredo (atual Avenida Djalma Batista), que, por sua vez, marca o
início da atual Estrada Torquato Tapajós.
Para permitir a passagem dos
bondes dessa linha e dos primeiros automóveis, foi construída a Ponte da
Cachoeira Grande (também conhecida tempos depois como Ponte dos
Bilhares), inaugurada em 1895 e ainda existente. No entanto, com a duplicação
da Avenida Constantino Nery, outra ponte de cimento armado foi
construída, embora funcional, essa nova ponte não possui o charme da antiga
ponte de ferro.
Antes de ser chamada
de Avenida Constantino Nery, essa área era aprazível, com vários igarapés
de águas límpidas e cristalinas, além de uma densa mata primária. Era um
local ideal para famílias abastadas estabelecerem suas chácaras, pequenas
propriedades rurais com hortas, pomares e criação de animais, assim como fez o
governador Eduardo Ribeiro.
Curiosamente, a Rua
Epaminondas, que passa em frente à sede do Atlético Rio Negro Clube,
recebeu esse nome por ser o início da antiga Estrada de Epaminondas, que
hoje corresponde à Avenida Constantino Nery.
Essa avenida é um testemunho
vivo da evolução da cidade e das mudanças ao longo do tempo, conectando o
passado com o presente. Antes de ser oficialmente denominada Avenida
Constantino Nery, essa via recebeu mais cinco denominações.
Segundo o saudoso
historiador Carlos Zamith, em 28 de dezembro de 1904, o então
governador Constantino Nery realizou trabalhos significativos nessa
avenida, o que culminou na mudança de nome. Até hoje, uma placa de mármore está
afixada em um pequeno obelisco em frente à casa da ex-vereadora Lúcia
Antony, parente da mãe de Constantino Nery, Maria Antony Nery, e ao
lado do Terminal de Integração T1, no sentido centro-bairro.
O governador Constantino
Nery optou por substituir o nome anterior pela sua própria designação, uma
prática que, embora proibida atualmente, ainda é adotada por alguns
governantes, que colocam o nome de seus pais, parentes e aderentes.
Por pressão política, em 30
de novembro de 1905, o nome da avenida foi alterado para homenagear João
Coelho (1852-1926), um militar paraense que também atuou como político,
professor e engenheiro em Manaus.
Em 26 de março de 1919, a
avenida passou a se chamar Olavo Bilac (1865-1918), em homenagem ao
jornalista, cronista, poeta e membro imortal da Academia Brasileira de Letras.
Essa mudança ocorreu um ano após a morte de Bilac.
Em 1927, após a morte
de Constantino Nery, ocorrida em 1926, a avenida voltou a receber o
nome do ex-governador. No entanto, em 1930, houve outra mudança, retornando
a Olavo Bilac.
Finalmente, por meio
da Lei n.º 295, de 12 de outubro de 1953, a avenida recebeu seu nome
definitivo: Avenida Constantino Nery.
Durante muito tempo, os
antigos chamavam o trecho entre a Avenida Ramos Ferreira e
o Boulevard Amazonas de Rua João Coelho, apesar da mudança
oficial ocorrida em 1905. Com o passar do tempo, a Avenida Constantino
Nery ficou conhecida pelos manauaras desde o término da Avenida
Torquato Tapajós até a Avenida Ramos Ferreira, onde inicia a Rua
Epaminondas.
Constantino Nery era
irmão do influente Silvério Nery, que dominou a política do Amazonas por
várias décadas. Os dois irmãos tramaram para permanecer no
poder: Silvério deixou o Senado para concorrer e ganhar o governo do
Estado do Amazonas em 1900, enquanto ajudava seu irmão Constantino a
se eleger e ocupar sua vaga no Senado Federal.
Naquela época, a Constituição Federal, não permitia
que o sucessor do governador (após cumprir todo o seu mandado de seis anos,
pois não existia reeleição) fosse um parente próximo (irmão, pai ou mãe), no
entanto, Silvério Nery renunciou no tempo certo para que o seu irmão pudesse
concorrer para o governo sem ferir a Constituição. O Constantino, por sua vez,
renunciou ao Senado Federal e se elegeu governador do Amazonas, para o período
de 1904 a 1910.
Sua trajetória deixou marcas
na cidade que perduram até hoje, conectando o passado com o presente.
Além de alargar a antiga Estrada
de Epaminondas, Constantino Nery construiu a Penitenciária de
Manaus (embora atualmente abandonada, essa estrutura testemunha o passado
e a visão do governador).
Biblioteca Pública do
Amazonas: Um prédio imponente que permanece até hoje, um legado
de Constantino Nery. Ela abriga conhecimento, cultura e história, servindo
como um farol intelectual para a cidade.
Hospedaria para os italianos
em Paricatuba: Onde hoje encontramos as Ruínas de
Paricatuba, Constantino Nery criou uma hospedaria para os imigrantes
italianos. Esse local testemunhou histórias de esperança, desafios e recomeços.
Parque
Amazonense: Constantino Nery também contribuiu para o esporte da cidade,
um espaço que conectava as pessoas ligadas às corridas de cavalos e ao futebol
de campo.
No entanto, sua paixão por
obras e desenvolvimento desequilibrou as contas públicas, e ele ficou conhecido
como um “mau pagador”. Desgostoso da vida pública, Constantino
Nery entregou os últimos anos de seu governo aos seus assessores. Após o término
de seu mandato, ele retornou ao exército, onde se aposentou como General. Sua
jornada culminou em 1926, quando faleceu em Belém, cidade onde passou seus
últimos anos.
Eu, José Rocha, a minha
conexão com a Avenida Constantino Nery é verdadeiramente especial. Ela
transcende o concreto e se entrelaça com as minhas memórias, experiências e a
própria história da cidade.
Vamos continuar explorando
essa jornada:
Colégio Sólon de Lucena:
Onde estudei na juventude. O título de Técnico em Contabilidade que
conquistei lá era altamente valorizado naquela época. O Ginásio René Monteiro
foi palco de muitas disputas esportivas. Bem em frente ficava a toda poderosa
fábrica da Coca-Cola e das Bolachas Papaguara, um prédio que resiste até os
dias atuais.
Torre de Transmissão da
Rádio Difusora do Amazonas: Ao lado do colégio, essa torre era um marco da
comunicação. Hoje, ela se transformou no Condomínio Maria da Fé, associado
à irmã de Josué Claudio de Souza, conhecida como Fezinha. E quem diria
que essa torre testemunharia tantas mudanças!
Lupanar ‘Verônica’ e o
Millennium Shopping: As lembranças também incluem o decadente Lupanar
Verônica, que agora é o Millennium Shopping. Essa transformação é um
reflexo da evolução da cidade.
Chácara da Família Nery: Tive
a oportunidade de conhecer a Chácara da Família Nery, hoje esse espaço se
transformou em um condomínio de apartamentos da classe média.
Duplicação da Avenida
Constantino Nery e Tubos de Gás: Presenciei a expansão dessa avenida e a
colocação dos tubos de gás em toda a sua extensão. Além disso, vi
o Estádio Vivaldo Lima ser derrubado (lembrando o jogo de 1980
entre Fast Clube e New York Club).
Arena da Amazônia na Copa do
Mundo: O privilégio de assistir a um jogo na Arena da
Amazônia durante a Copa do Mundo de Futebol é uma memória que
ecoa até hoje.
Acompanhando as
Transformações: Mesmo com o passar do tempo, continuo acompanhando as mudanças
na Avenida Constantino Nery. Viadutos, passagens de nível, centros
comerciais, instituições de ensino, novos conjuntos habitacionais e os desfiles
no Bumbódromo fazem parte dessa história em constante evolução.
Sonhos Futuros: Pretendo
morar num futuro próximo no Condomínio Casa e Jardim, pois poderei ser o
próximo capítulo dessa jornada, permitindo que eu permaneça conectado à
histórica Constantino Nery e às transformações da cidade.
Observação:
1.
Correção do texto:
Inteligência Artificial: Microsoft Bing/Chat GPT/Language Tool;
2.
Fontes: Robério
Braga/Durango Duarte/Manaus de Antigamente/Blogdorocha/Wikipedia/Carlos Zamith/