Por José Rocha
Após várias décadas,
retornei à Igreja dos Remédios, onde recebi o batismo.
Meus padrinhos foram amigos
de meu pai, e apenas tive contato com o padrinho, dono de uma fábrica de
carrocerias de caminhão, próxima ao atual Edifício Garagem.
Embora tenha entrado na
igreja três vezes após meu batizado, nunca assisti a uma missa lá.
A construção da Igreja dos
Remédios iniciou-se em 1901, sendo conduzida pelo arquiteto italiano Felintho
Santoro, exibindo uma beleza notável com escadas de pedras de Lioz (Portugal).
A igreja recebeu esse nome
em homenagem à
Nossa Senhora dos Remédios,
um título dado à Virgem Maria, mãe de Jesus, na Igreja Católica. Este título
está associado à crença de que Maria pode trazer alívio e cura para aqueles que
rezam a ela.
Na escadaria lateral da Rua
Leovegildo Coelho, residia um mendigo, filho do ex-patrão de meu pai, um homem
rico que faliu devido aos jogos de azar (baralho).
Em sua frente, há uma praça,
que foi outrora um cemitério.
Ao fundo da praça , pela Rua
dos Bares, existia a Casa Alba, onde o meu pai Rocha aprendeu o ofício de
Luthier.
Ao lado, notamos a famosa
Faculdade de Direito, conhecida como "Jaqueira", agora esquecida e
abandonada.
A igreja possui uma bela
torre, onde um avião um dia quase causou um grande acidente ao colidir com sua
asa.
O Bonde Saudade cruzava por
ali, e até recentemente, era possível ver os trilhos pela Rua dos Andradas,
agora cobertos pelo novo asfalto.
Nos fundos da igreja,
existia uma escola pública e, mais tarde, a Faculdade de Farmácia e
Odontologia, agora integradas à igreja.
A região era preferida pela
comunidade Sírio-Libanesa, que deixou algumas belas residências, muitas agora
abandonadas e descaracterizadas.
A igreja e aquele lugar
chamado Remédios são partes de minha história e da história antiga de Manaus.
Fotos: José Rocha