Fica na esquina da Avenida Ramos Ferreira, com Rua Tapajós e Travessa Frei Lourenço, pertencente a Ordem dos Frades Capuchinhos (Irmandade de São Sebastião), após o término das atividades teatrais passou a abrigar diversos outros empreendimentos, acolhendo, atualmente, a Universidade Paulista – UNIP.
A Praça Antônio Bittencourt
(Praça do Congresso) era um descampado que vinha até a Rua Tapajós, com o
decorrer do tempo, os frades capuchinos ficaram com uma parte que era conhecida
como Travessa do Congresso, depois, foi mudado o nome para Travessa Frei
Lourenço.
Neste local, construíram o prédio a Casa N. S. da Divina Providência, constituído de um Colégio e do Teatro Juvenil, vide abaixo uma fotografia aérea.
O Catecismo da Igreja Católica define a Divina Providência como as disposições pelas quais Deus conduz a Sua criação em ordem a essa perfeição: “Deus guarda e governa, pela Sua providência, tudo quanto criou, atingindo com força, de um extremo ao outro, e dispondo tudo suavemente. O termo Providência está ligado diretamente às ações de Deus para com a humanidade. Significa que Deus nunca nos abandona e sempre cuida de nós, providenciando tudo o que é necessário para nossa vida, usando de meios que não conseguimos nem imaginar.”
O prédio foi construído na
década de 50, como um "teatro de palco italiano", supervisionado pelos padres capuchinhos da Igreja
de São Sebastião, com dinheiro público da SPEVEA (depois SUDAM), funcionando
durante os anos 50 e início dos anos 60, formando toda uma geração de atores e
gente de teatro e literatura.
Segundo a Revista Casa D´Itália "Diferentemente dos palcos de arena, por exemplo, o palco
italiano era um espaço retangular, delimitado por três paredes fechadas
(duas laterais e uma de fundos) e uma parede vazada que se abria ao público
através de uma arcada denominada boca de cena" (vide foto abaixo).
Dentro dele funcionava o
Teatro Juvenil, onde passou o Américo Alvarez “O Vovô Branco”, professor Edney Azancoth, José Azevedo, e tantos outros.
Funcionou nos anos cinquenta e sessenta para a apresentação do programa “Tarde Alegre, aos sábados. comandado pelo radialista, diretor e ator Alfredo Fernandes (escreveu: Lágrimas de Brinquedo/Dois Anjinhos de Castigo/Um brinquedo atrás da porta). Depois, passou para os domingos, com "Manhã Alegre e, também, com "Noite Alegre".
O local era utilizado,
também, para solenidades de formaturas, exibição de películas cinematográficas, reuniões, confraternizações etc.
Tive o privilégio de estudar
no Colégio da Divina Providência, depois, participei de reuniões de jovens
católicos, conhecida como “Juventude Franciscana – JUFRA”.
Naquela época, o teatro já
estava abandonado, onde tive a oportunidade de diversas vezes andar pelo palco
e o camarim, além de mexer nas teclas de um velho piano.
Jogava bola com a moleca da
Rua Tapajós e entorno, numa quadra polivalente que ficava ao lado do teatro,
além de assistir aos programas de calouros e artistas nas tardes de sábados (comandado pelo Titio Barbosa), assistia, também, um show chamado "Confusão na Taba", do Clodoaldo Guerra.
No dia 31 de maio de 1981,
foi publicado no Jornal do Comercio, uma moção de protesto pela FITAM – Federação
Independente de Teatro do Amazonas, contra a utilização do Teatro da Divina
Providência para outros fins, que não seja os teatrais.
Era contra a utilização
daquele espaço para práticas de “Roller-Skates” (Patins de Rodas), responsabilizando
a Ordem dos Capuchinhos e o Arcebispado que deixaram levar pelo pecado da Usura.
O Play Center possuía uma super
lanchonete, sofisticada pista de patinação, jogos eletrônicos, restaurante e
Adega Don Paco.
Ficou abandonado por um bom
tempo, servindo, depois, como depósito de uma firma de geladeiras e outros
eletrodomésticos.
Serviu para o “Colégio Einstein”,
depois, “Faculdade Uninorte”, passando um tempo fechado e foi alugado para a
Faculdade UNIP, que está até os dias atuais, englobando, também, o antigo
Colégio da Divina Providência.
Durante longos anos a Dona
Maria (Dona Branca) serviu os seus tacacás bem em frente ao prédio, uma
tradição que até hoje permanece com os seus filhos e netos.
Na fotografia abaixo, clicada por mim, no dia quatro de fevereiro de 2023, aparece o prédio, na atualidade, e, ao fundo, o Luso Sporting Club e o CAUA, da UFAM, ao lado esquerdo está o Zigomar Madeira, morador antigo da Rua Tapajós, uma pessoa que conhece profundamente todas as transformações por que passou o Teatro da Divina Providência.
Atualmente, está todo
descaracterizado, todas as janelas e portas estão fechadas e quem não conhece a
sua história jamais imaginará que ali fora um dia um teatro.
Na minha humilde opinião, o governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa - SEC, possui recursos financeiros e poder para comprar ou alugar o prédio e, ressurgir das cinzas, o Teatro da Divina Providência e entregá-lo para supervisão e manutenção por parte da FETAM - Federação de Teatro do Amazonas, pois àquele prédio fora construído para ser, eternamente, um TEATRO!
É mano velho, este prédio
possuí muitas histórias e faz parte de toda uma geração de manauaras,
principalmente, dos colegas e amigos da Rua Tapajós, Vila Paraíso e
adjacências.
É isso aí.
Fotos:
Manaus Antiga
Moacir Andrade
Revista Casa D´Itália
José Rocha
Fontes:
Jornal do Commercio
Jornal A Notícia
BLOGDOROCHA