O “Pimenta” nasceu em
Manaus, em 1956, na Santa Casa de Misericórdia, morou durante muito anos na
Rua José Clemente, 216, na residência e loja de confecções do seu pai-avô, o
Domingos Demasi, um alfaiate italiano que fez historia na nossa cidade – é uma
pessoa a quem tive o privilegio de conhecê-lo na minha adolescência e, ainda de
desfrutar da sua amizade até os dias de hoje, na verdade, nunca tinha tido um
contato maior com ele, não conhecia muito bem sobre a sua vida e sobre suas
atividades profissionais, porém, tudo mudou, quando recebi um convite para visitar o
seu empreendimento, denominado “Pousada das Pedras”, no município amazonense de
Presidente Figueiredo – foram dois dias de contato direto, o que me motivou a
escrever esta postagem sobre ele e sua família.
Pegou este apelido por ser
uma pessoa muito irrequieta e levada e, por ter o sangue italiano correndo em
suas veias, o “Pimenta” não foge a regra dos seus ancestrais: fala alto, possui
uma personalidade que tende a impulsividade, gosta de velocidade e tem uma
certa resistência em obedecer regras -
foi um cara famoso no centro de Manaus, pois tinha paixão em dirigir, em
altas velocidades, motocicletas importadas de grandes cilindradas, além de ser um
“catador de ferro”, um hobby voltado para adquirir pequenos objetos que fizeram
parte da nossa história.
Segundo o seu amigo
Eduardo Braga Reis (o Duda) “O apelido já diz tudo, mas é um ser humano bom e amigo dos amigos - na sua infância e adolescência,
deixava todo mundo muito louco com tanta danação: pegava carreira dos padres (Frei
Benigno, Felipe e outros mais), colocava apelidos nos freis “Felipe Barba de
Fogo" (o padre tinha uma barba avermelhada) e “Nero” (para o Frei Benigno).
Certa ocasião, o padre celebrava uma missa e o Pano que cobre o Sacrário pegou
fogo, não deu outra, ele já gritou de lá: - Foi a Barba de Fogo do Felipão! O Frei
Silvio, certa vez, confundiu a família Pimenta (moradores da Rua Monsenhor Coutinho)
com a família do Fernando Demasi, a Dona Maria Pimenta veio a falecer e, o frei
foi dar os pêsames na casa do nosso personagem, o cara estava sumido a um bom tempo, quando a mãe dele viu o Padre, desmaiou, achando
que tinha acontecido alguma tragédia com o "Pimenta". Ele conta que
foi expulso do quartel, parece que foi pego vestido com a farda do General ou
algo assim. O Frei Fulgêncio Monacelli, pároco da Igreja de São Sebastião, também já teve e, ainda tem, muitas lembranças
do camarada. Algumas peraltices: entrava no Teatro Amazonas pelo cabo do "Para-raios".
Amarrava linha de nylon no badalo do sino da Igreja (somente puxava em altas
horas), imagine a confusão que ele provocava: aparecia padre olhando pelas
janelas, vizinhas achando que era assombração ou a alma de padre que já tinha
morrido etc. (ele e a turma da bagunça ficavam escondidos dentro da bacia da Praça).
Ele é até hoje um
fã incondicional do seu saudoso avô, o Domingos Demasi - nutrindo uma paixão que
supera até ao do seu genitor, o Marigídio Demasi. Para demonstrar esse enorme
carinho, ele guarda com grande orgulho, o livro “Manaus: Ruas, Calçadas e
Varandas”, do grande mestre Moacir de Andrade – pois nesta obra, aparecem
várias fotografias da família Demasi, além de um relato sobre os antigos
alfaiates de Manaus, com ênfase ao trabalho exercido pelo seu saudoso avô.
Segundo o citado
livro, o Domingo Demasi, era um italiano da gema, vindo para Manaus ainda muito
pequeno, carregando muitos sonhos, não sendo difícil conseguir emprego, pois
era uma pessoa forte, trabalhador e sadio – trabalhou, como aprendiz, na “Alfaiataria
100.000 Paletots”, na Rua Municipal (atual Avenida Sete de Setembro) esquina
com a Rua Lobo D’Almada. Pela sua desenvoltura, trabalho honesto e nunca ter
chegada atrasado ou faltado ao trabalho, ganhou a confiança do seu chefe,
tornando-se um alfaiate exemplar , resolvendo, tempo depois, a abrir o seu
próprio negócio.
Com o advento da
Primeira Guerra Mundial, em 1914 – por ser um italiano fiel à sua pátria,
apresentou-se ao governo do seu país, participando da sangrenta guerra e, com o
término, em 1918, retornou ao Brasil, fixando novamente residência em Manaus,
abrindo uma loja de venda de uniformes militares, além de executar todos os
trabalhos de alfaiataria.
O gosto do “Pimenta”
por coisas antigas, foi matéria de página inteira no Jornal A Critica, edição de
13 de Abril de 2011 – “Nós também temos o
nosso ‘caçador de relíquias’ – Arte de catar histórias jogadas fora –
Reciclagem: microempresário Fernando Demasi tem o hobby de recolher material
considerado lixo. Ele traz consigo parte da história. Hoje, seu acervo conta
com peças que nos remontam à Manaus antiga”.
O nosso querido “Pimenta”,
colaborou muito com a sua família, trabalhando na loja do seu avô por mais de
quinze anos, um empreendimento que ainda hoje é tocado pelos seus parentes – a “Confecções
Demazi”, fica localizado a Rua José Clemente, 216 – ele aparece por lá
praticamente toda semana, para rever os familiares e amigos, além de tratar dos
seus negócios na capital.
Ele é uma pessoa
empreendedora, não levou a frente o ramo de roupas militares e confecções, um
negócio tradicional dos Demazi – investiu na hotelaria e turismo – são vinte e
dois anos trabalhando na sua “Pousada das Pedras”.Tudo o que ele “catou”
durante longos anos, está exposto no seu estabelecimento, por sinal, um lugar dos
mais aconchegantes e bonitos da cidade das cachoeiras.
Para chegar até lá,
o turista deve sair de Manaus, ir até a Rodoviária, pegar um ônibus (várias saídas
por dia, ao preço de R$ 40,00 ida e volta, com uma hora de viagem), são 107 Km
pela BR-174 e, ao chegar ao município, deve se dirigir até a Avenida Acariquara
(esquina com a Rua Piquiá), numero 45, bairro Morada do Sol – telefone 92
3324-1296.
Segundo a Wikipédia
“Presidente
Figueiredo despontou para o turismo
ecológico em razão de sua fartura de águas, selva, recursos naturais, cavernas e cachoeiras. O Ministério do Turismo catalogou mais de cem quedas d'água no município,
muitas delas exploradas economicamente através do ecoturismo. É existente na
área urbana e rural uma razoável infraestrutura turística em expansão. O município é mais
conhecido pela usina hidroelétrica instalada ali, a usina de Balbina, no distrito homônimo, cujas obras e
manutenção são responsáveis pela maior catástrofe ambiental da história do Brasil”.
Vale a pena conhecer a “Pousada
das Pedras”, além de ter privilégio de conhecer um pouco da história da Manaus
antiga e, da amizade e carinho do Fernando Demasi, o nosso “Pimenta”. Esse
italiano tem história! É isso ai.
3 comentários:
MEU AMIGO ROCHA! VOCE FOI MUITO FELIZ NA POSTAGEM E COMPETENTE COMO SEMPRE. TENHO CERTEZA QUE TODOS QUE TIVEREM O PREVILEGIO DE TOMAR CONHECIMENTO DESTA CRONICA FICARAM AGRADECIDOS, PRINCIPALMENTE OS NOSSOS COMTEPORANEOS(PRACA SAO SEBASTIAO,JUFRAMA, E TODO O CENTRO DE MANAUS DA NOSSA EPOCA)GRANDE ABRACO A VOCE E AO "PIMENTA".Duda.
MEU AMIGO ROCHA! VOCE FOI MUITO FELIZ NA POSTAGEM E COMPETENTE COMO SEMPRE. TENHO CERTEZA QUE TODOS QUE TIVEREM O PREVILEGIO DE TOMAR CONHECIMENTO DESTA CRONICA FICARAM AGRADECIDOS, PRINCIPALMENTE OS NOSSOS COMTEPORANEOS(PRACA SAO SEBASTIAO,JUFRAMA, E TODO O CENTRO DE MANAUS DA NOSSA EPOCA)GRANDE ABRACO A VOCE E AO "PIMENTA".Duda.
PARABÉNS MANO ROCHA ESSE É UM AMIGO DE VERDADE COMO POUCOS QUE EXISTEM EM NOSSAS VIDAS.PAZ E LUZ.
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