José Rocha
O navio Sobral Santos II foi construído na década
de 50, todo em ferro, com 50 metros de comprimento e 10 de largura, com dois
andares, pertencente à ONZENAVE (Onde de Maio Navegação, do empresário Calil Mourão) – foi palco de uma
roda de samba, em Manaus, em 1977 e, de mais de 300 mortes quando adernou
(inclinou para um lado, submergindo) em Óbidos, no Pará, em 1981.
Por ser um barco grande e todo de ferro,
proporcionando conforto, segurança e comodidade aos seus passageiros, era muito
requisitado para passeios curtos pelo entorno da cidade, aos domingos, para
lazer e muito samba em seu interior, assim como fazem na atualidade
os manauaras, com forró-boi e sertanejo regado com cerveja e mulheres bonitas.
No dia 19 de junho de 1977, o navio Sobral Santos
II saiu às 10 horas da manhã, da Escadaria dos Remédios (em frente à Casa do
Povo), para a I Roda de Samba Fluvial, visitando a Ponta Negra e outras
localidades próximas a Manaus.
A promoção foi da SEPAM (Sociedade de Defesa da
História e das Tradições Populares do Amazonas), tendo como diretores Isaías
Oliveira, Moacir Couto de Andrade, Aníbal Beça e Bianor Garcia.
Participaram figuras destacadas da nossa cidade,
turistas do sul do país que se encontravam hospedados em hotéis, homens e
mulheres de rádio, jornal e televisão (TV-Educativa, TV-Baré e TV-Amazonas).
Durante o trajeto, foram eleitos: o par
mais romântico, o traje esportivo mais bonito e
os passistas mais notáveis.
A animação ficou por conta das Batucadas “Em Cima
da Hora” e “Unidos da Comendador Clementino” e grupos de passistas. O serviço
de som ficou a cargo da Roland Som Manaus, com a colaboração da Rádio Baré. O
bar estava bem aparelhado para essa promoção e o público de modo geral,
dançando, cantando e se divertindo.
Quatro anos depois de muito samba fluvial, o
pior aconteceu: o navio adernou (tombou) para um lado, no porto de Óbidos, no
Pará, matando mais de 300 pessoas, marcando este navio por ser o protagonista
da maior tragédia fluvial da Amazônia.
O navio Sobral Santos II fazia regularmente viagens
de Manaus-Santarém-Manaus, com várias escalas em municípios como Óbidos,
levando e trazendo inúmeras pessoas e mercadorias, pois tinha a capacidade para
transportar até 500 passageiros e 200 toneladas de mercadorias em seu porão.
No dia 18 de setembro de 1981, partiu de Santarém e
parou de madrugada no porto de Óbidos, onde recebeu passageiros e mercadorias
de dois barcos que estavam com problemas, ocasionando uma superlotação, com
mais de 500 passageiros, além de dobrar a sua capacidade de
transporte de mercadorias, algo em torno de 400 toneladas.
Na madrugada do dia 19 de setembro, uma corda que
mantinha o navio atracado estourou, provocando alvoroço nos passageiros,
ocasionando o desequilíbrio das cargas que estavam mal acondicionadas, o
que fez adernar (tombar) para um lado e afundar em poucos minutos, matando
na hora mais de 300 pessoas.
O Guindaste de 100 toneladas “João Pessoa” (que
fica no Roadway, porto de Manaus) foi deslocado para içar o Navio Sobral Santos
II, que voltou a Manaus, onde foi restaurado num estaleiro
e voltou a navegar com o nome de Navio Cisne Branco.
Samba e mortes são duas palavras que podem parecer
opostas, mas que também têm uma relação na história e na cultura brasileira. As
rodadas de sambas que ocorreram no navio Sobral Santos II, uma delas resgatada
de uma matéria jornalística de 1977, ficaram na história da nossa cidade, mas o
que marcou mesmo foram as mortes ocorridas em 1981.
Fontes:
Jornal A Crítica
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