José Rocha
No dia 5 de
janeiro, aos 92 anos, morreu Zagallo, ex-jogador e ex-técnico de futebol. Ele
foi o único a participar de quatro conquistas da Copa do Mundo: em 1958 e 1962,
como jogador, e em 1970, como técnico.
Como editor
do BLOGDOROCHA, quero homenageá-lo com um trecho do livro “NEW YORK
COSMOS X FAST CLUBE – O JOGO DO SÉCULO EM MANAUS”, de minha autoria e
coautoria de Joaquim Alencar.
O livro
narra, entre outras coisas, a visita da Seleção Brasileira de Futebol a Manaus,
em 5 de março de 1970, sob o comando de Zagallo, para a inauguração oficial do
Estádio Vivaldo Lima. Nesse dia, aconteceram dois jogos de futebol:
- Seleção B (reservas) do Brasil x Seleção do
Amazonas
- Seleção A (titulares) do Brasil x Seleção do
Amazonas
Pontos
negativos:
O trânsito
ficou engarrafado por duas horas (um tempo muito longo para aquela época) e
muitos torcedores tiveram dificuldade para chegar ao estádio. Alguns
desmaiaram, principalmente crianças e adolescentes, por terem saído de casa sem
almoçar. Houve invasão dos torcedores nas cadeiras numeradas. Por um descuido
da administração, uma comporta ficou aberta e a água da chuva inundou um dos
vestiários. Além disso, houve roubos de carteiras, colisões, brigas entre as
torcidas e intenso calor. A falta de condições dos vestiários e a falta de luz
fizeram o jogo terminar no escuro. Apesar de tudo isso, o povo e os
organizadores não perderam a alegria.
Pontos
positivos:
Os juízes
Airton Vieira de Moraes e Arnaldo César, apesar dos pontos negativos citados,
ficaram impressionados com o Estádio Vivaldo Lima. Eles elogiaram a iniciativa
do governo do Amazonas e o povo pela bela obra. Os dois consideraram o
vestiário dos juízes melhor do que o do Maracanã, do Mineirão e do Beira Rio.
Primeiro
jogo:
A Seleção
Brasileira entrou em campo às 14 horas, sob o sol forte. Depois de se
aquecerem, eles cumprimentaram o público, mas a Seleção Amazonense não estava
em campo. Isso irritou o técnico Zagallo, que mandou os seus jogadores voltarem
ao vestiário. Eles só retornaram dez minutos depois, quando os amazonenses já
estavam em campo. Foi uma forma de retribuir a demora e tentar cansar os
adversários com o calor e os raios solares. Um pênalti mal cobrado por Antônio
Piola, um lance duvidoso, uma jogada de azar e uma brincadeira de um zagueiro
resultaram na derrota da Seleção do Amazonas por 4 a 1.
Quatro jogadores amazonenses foram convocados pelo treinador Zagalo. Eles jogaram no segundo tempo: Catita (Rio Negro), Evandro (Olimpico), Pretinho (Nacional) e Pompeu (Fast). Eles ganharam moral e reconhecimento na imprensa nacional ao vestir a camisa da seleção brasileira, mesmo com alguns já estando prestes a se aposentar. O nosso técnico foi o radialista Jaime Rebelo, com a supervisão do Leal da Cunha. Gols: Dario (Dadá Maravilha) fez três gols e Lincoln marcou um contra.
Laércio fez o único gol do Amazonas.
16h05min – A
Banda (fanfarra) do Instituto Benjamim Constant fez nova apresentação.
16h10min – O
Governador Danilo de Matos Areosa entrou em campo para as solenidades antes do
jogo.
16h28min – O
Rei Pelé recebeu homenagens em campo.
16h33min - O
governador deu o “pontapé inicial” a favor do Brasil.
16h35min –
Começou o jogo da Seleção Brasileira. Centenas de repórteres e fotógrafos
cercaram os craques da Seleção Brasileira, provocando um atraso no início da
partida, que terminou 15 minutos depois das 18 horas, já escuro e com pouca
visibilidade.
Gols da
partida: Seleção Brasileira (4): Rivelino, Paulo César Caju, Carlos Alberto e
Pelé. Pelé foi aplaudido quando entrou em campo, mas jogou mal e foi vaiado.
Quando fez um gol, voltou a ser aplaudido e dedicou o gol à torcida do
Amazonas. Seleção do Amazonas: Mário fez o único gol da nossa seleção.
Para o
treinador Zagalo, foi apenas um treino, pois o Brasil estava se preparando para
ser o futuro Tricampeão Mundial de Futebol, no México. Ele disse que a Seleção
B (dos reservas) não tinha nada a comentar, pois estava muito desfalcada e
aquele jogo nem podia ser considerado um treino. Ele escalou Zé Carlos de
lateral e Arilson de volante só para “tapar buracos”, pois não tinha outros.
Ele disse à
imprensa:
“Mesmo sem colocar os jogadores do Amazonas, o teste não seria válido,
pois os jogadores que estão disputando uma vaga para o México estavam
completamente fora de suas posições. Por causa do forte calor, tive que fazer
algumas modificações, o que piorou ainda mais o sentido de teste. Para mim, o
primeiro jogo não valeu”. Sobre o segundo jogo, ele disse: “Gostei muito da
seleção brasileira, que fez o melhor treino desde que foi convocada. Pela
primeira vez desde que sou técnico, vi que a defesa brasileira jogou bem, com
alguns erros ainda, mas dentro do padrão que pretendo impor. O bloqueio feito
por Clodoaldo, Rivelino e Paulo César foi quase perfeito, o ataque também
esteve bem, pois foi rápido nos contra-ataques, e acho que conseguiremos vencer
as defesas dos adversários na Copa do Mundo. As duas seleções do Amazonas foram
melhores do que esperava, mas por razões óbvias, não poderiam ser adversários
suficientemente fortes para exigir muito da seleção brasileira”, concluiu.
(*) O livro “NEW
YORK COSMOS X FAST CLUBE – O JOGO DO SÉCULO EM MANAUS” precisa de sua ajuda
para ser publicado.