José Rocha
Sou sessentão e morei praticamente todos esses anos no centro histórico de Manaus, onde guardo boas memórias, muitas delas contadas aqui neste espaço, no entanto, hoje, irei escrever sobre a atualidade, minhas vivências e impressões da cidade como um todo, dedicado, principalmente, para as pessoas que aqui nasceram ou viveram, mas resolveram criar raízes em outras cidades do nosso imenso país ou no exterior, quando vez e outra sentem saudades da nossa cidade Manaus e buscam através do Google e outros sites de busca e bloques para matar a saudade e saber como está atualmente, pois o passado ficou guardado no cantinho de sua memória.
Ao abrir o Google Maps e
buscar a cidade de Manaus, o internauta verá no modo reduzido uma cidade
praticamente toda habitada, restando apenas um pequeno fragmento de floresta nos
bairros do Coroado/Aleixo (Campus da UFAM e INPA), Parque Dez de Novembro/Cidade
Nova (Parques Municipais) e algumas áreas que margeiam o Rio Negro em direção a
BR-319.
O verde somente desponta na
periferia, ou seja, nas áreas da Ponta Negra, Tarumã, Puraquequara, Reserva
Adolpho Ducke e Área Rural.
Em 2012, fui despedido da
empresa em que trabalhava, o que demandou uma pendenga jurídica. Passei muitos anos dentro de um escritório. Como já estava fora
do mercado em decorrência de minha idade, trabalhei fazendo carretos, comprando
e vendendo mercadorias pelos quatros cantos da cidade, além de ter tido uma
experiência por três meses como Uber Drive, o que me permitiu conhecer
praticamente toda a cidade de Norte a Sul e Leste a Oeste, o Centro conheço
como a palma de minha mão.
Naquela época difícil de minha
vida, fui morar na Cidade Nova, num dos últimos núcleos, onde tive a
oportunidade de fazer novas amizades e conhecer praticamente todos os bairros
das zonas norte e leste.
Apesar de existirem os GPS
nos smartphones que podem te levar para qualquer lugar, caso o camarada for levado do
centro da cidade e for deixado no final do Ramal do Brasileirinho, com certeza,
estará perdido, não vai ter noção onde está, pois o celular poderá ser o
primeiro a ser roubado.
Na realidade, a grande
maioria dos moradores do centro da cidade de Manaus não conhecem as zonas Norte
e Leste, primeiro, por ficar muito longe e, segundo, pelo medo da violência
urbana.
Dispomos de uma boa frota de
ônibus articulados, alguns com ar-condicionado, com mais ou menos uma hora até
chegar na zona Leste.
Tudo o que encontramos no
centro da cidade pode-se encontrar nestas zonas da cidade, tais como: três imensos shoppings center, lojas das mais variadas possíveis, bares, lanchonetes,
supermercados, faculdades, dancing, churrascarias, cinemas, igrejas para todos
os gostos etc.
A grande maioria dos moradores
da periferia somente vêm ao centro em ocasiões especiais, pois tudo encontram
lá. Eles trabalham no comércio local e nas fábricas do Distrito Industrial, se
divertem nos shoppings e nos clubes e bares da área, casam, geram filhos e
vivem toda a sua vida por lá.
Fiz dezenas de vezes o seguinte
trajeto (principalmente quando trabalhava na área de vendas): Saio do centro da cidade,
entro no Distrito Industrial (Bola da Suframa), passo pela Bola da Samsung, chego
no Terminal 6, ando toda a Avenida Autaz Mirim e chego na Bola do Produtor (onde a Prefeitura planeja construir um complexo de viadutos), entro no bairro
Cidade de Deus até o final onde está o MUSA e a Reserva Ducke, pego a esquerda
e viajo pela Nova Cidade, Santa Etelvina e entro na Estrada das Torres e vou
até a Avenida Torquato Tapajós (Barreira/Início BR-174/Itacoatiara) e volto
para o Centro. É muito chão, meu
irmão!
Você, meu amigo, que faz
décadas que não vem à Manaus, eu aconselho conhecer a periferia de Manaus, sair
com uma pessoa de confiança ou num Uber e rodar a cidade inteira. Caso você for
daquele tempo em que Manaus acabava no Boulevard Amazonas e o lugar mais distante
era o Parque Dez de Novembro e a Ponta Negra, o amigo vai tomar um susto
danado, pois olhar no mapa e ver fotografias jamais será igual como viajar pela
cidade onde morou ou nasceu.
Muitos moradores do centro
da cidade não valorizam as zonas mais afastadas da cidade. Não sabem o que estão
perdendo, pois existem muitos lugares bonitos para se conhecer. Por exemplo, o
Shopping Nova Cidade é imenso e muito bonito. Visitar o Museu da Amazônia e
subir uma torre enorme é uma emoção muito grande. No Shopping São José existe
cinemas 4D E-motion (acho que em Manaus somente lá). As grandes lojas
distribuidoras estão na zona Leste, além de uma grande rua de compras chamada
de “Fuxico”, a meca dos donos de mercadinhos. Além de existirem imensos Hospitais,
Pronto Socorros e UBS e muito mais. Até o clima é melhor. No Jorge Teixeira tem
a nascente do Igarapé do Mindú (aquele que passa ao lado Millenium Shopping), a
Prefeitura possui um projeto para fazer uma enorme intervenção numa grande parte onde
ele passa, um negócio de primeiro mundo.
Quando eu era jovem não
gostava nem um pouco de namorar uma gatinha que residisse na Cidade Nova, por ser
muito longe do centro. Tempo atrás, quando morei por cinco anos por lá, encontrei
uma moça numa festa, perguntei onde ela morava, ela falou que era do centro, quase
cai fora, pois achava o centro muito longe.
Comecei a passar os finais
de semana no centro, vinha sexta-feira, dormia na casa dos meus pais e somente
voltava na segunda-feira.
Atualmente, voltei a morar
no centro da cidade, aliás, ele é o meu xodó, onde nasci, vivo e morrerei.
O Largo de São Sebastião,
onde fica o Teatro Amazonas, a Praça e a Igreja de São Sebastião e dezenas de
bares e restaurantes, é, sem dúvida o local mais bonito do centro da cidade,
bem cuidado e bastante seguro, local onde acontece muitos eventos musicais e
culturais.
Para quem gosta da boemia e
da Bohemia, o Bar do Armando e o Bar Caldeira sempre será a pedida. Existem
outros bons naquele perímetro, além de casas de shows e strip-tease.
As nossas praças foram
reformadas, mas estão mal cuidadas, infelizmente os prefeitos de Manaus não
cuidam do centro histórico, com muitos prédios antigos da “belle époque” caindo
aos pedaços. Ruas sujas e mal cuidadas (algumas foram asfaltadas ano passado).
O Relógio Municipal está
bonito, mas não “toca as horas” por falta de manutenção. A Igreja Matriz é uma
beleza sem igual, no entanto, o Largo da Matriz está abandonado e sem
segurança. O Porto de Manaus (Roadway) foi entregue para um grupo que não faz
nenhuma manutenção (uma pena). O Prédio da Alfandega está abandonado. O Mercado
Adolpho Lisboa continua muito bonito e conservado.
Existem vários parques
urbanos que são uma maravilha para caminhar e desfrutar da natureza, tais como:
Jefferson Peres, Igarapé de Manaus, Rio Negro, Mestre Chico e Bilhares.
A nossa cidade apesar de ter
crescido muito (desordenadamente) ainda conserva a nossa cultura: tomar banhos
de rios e igarapés, dançar boi bumbá, comer jaraqui e tambaqui, tomar tacacá,
café da manhã regional (tucumã, açaí, x-caboquinho, tapioca, mungunzá etc.),
curtir muito o samba dos bons e das escolas de samba na avenida, ser o maior
consumidor per capita de cerveja do país, curtir os barzinhos tradicionais da
cidade.
A Praia da Ponta Negra é a
nossa queridinha. Uma coisa linda de se ver, passear, curtir com a família nos calçadões
e tomar banho do Rio Negro em sua praia perene.
Temos em torno de dois milhões
e trezentos mil habitantes, com gente de todo lugar do Brasil (cariocas,
paulistas, paraenses, gaúchos, baianos, cearenses) e exterior (principalmente venezuelanos,
haitianos, chineses, japoneses, peruanos, colombianos, sírios, libaneses), no
entanto, os amazonenses e manauaras são orgulhosos de sua cultura e não a
deixam morrer, tanto que todos esses caras que vem de fora tem de se acostumar
desde do início com o nosso modo de ser. Não abrimos mão da nossa cultura, gastronomia,
folclore e o nosso modo de falar o “amazonês”.
Manaus cresceu tanto que
agora temos a
Região Metropolitana de Manaus, reunindo treze municípios, onde, no futuro, a
cidade de Manaus irá de encontro. Um exemplo, temos a Ponte Rio Negro, ligando as
cidades de Iranduba, Manacapuru e Novo Airão, cidades que você pode conhecer de
carro ou de ônibus. A cidade de Manaus está se expandindo para lá, vai chegar o
tempo que essas cidades serão bairros de Manaus. Sim.
A seguir, irei publicar algumas fotografias da
nossa cidade de Manaus atual.
É isso ai.
Fotos: José Rocha - caso queira colaborar com o blog faça um Pix pelo QR Code ao lado e abaixo.