Em 08 de dezembro de 2021, o Olaf
Scholz, assumiu, na Alemanha, o cargo de Primeiro-Ministro (chefe de governo de
um país parlamentarista), um sobrenome de família alemã que fez história na
cidade de Manaus, na pessoa de um senhor chamado Waldemar Scholz.
O alemão karl Waldemar
Scholz, nasceu em 1871, na cidade de Hamburgo, na Alemanha, veio ainda jovem
para a Amazônia, especificamente para a cidade Manaus, atraído pelo “ouro branco”,
o látex fruto das seringueiras nativas da nossa região.
Fundou a empresa Scholz
& Cia (sucessores da Witt & Cia., com filial em Belém, Pará), com
negócios focados na compra e exportação de produtos regionais, com maior ênfase
na borracha, destinando para Europa e Estados Unidos.
A sua loja ficava no local
conhecido como Booth Lines (um complexo de casas que foram destruídas criminosamente
pela família Di Carli, administradores do Porto de Manaus, doado de “mão
beijada” pelo então governador Amazonino Mendes).
De sua antiga loja restou
somente a fachada que está preste a cair. Quem passar por lá ainda poderá
observar uma casa parecendo um castelo medieval (ao lado da antiga sede da CEM –
Companhia Energética de Manaus).
O Scholz foi também Diretor
e Presidente da Associação Comercial do Amazonas (1911), além de Vice- Consul
da Áustria-Hungria (1913).
Ganhou fortunas, assim como
muitos ganharam na fase do “boom” da exportação da borracha in natura,
pois a Seringueira era nativa da Amazônia e uma enorme leva de estrangeiros por
aqui aportaram tornando-se seringalistas, banqueiros, aviadores, comerciantes,
transportadores etc.
O Scholz tornou-se um Barão,
um homem rico e próspero, tanto que, em 1903, iniciou um mega projeto de
construção de um palacete para fixar a sua moradia, executado por um arquiteto
italiano.
Foram oito anos de muito
trabalho e gastos enormes, finalmente terminado em 1910 e inaugurado em 1911.
Ficou conhecido como
Palacete Scholz, na Avenida Sete de Setembro, entre as duas Pontes Romanas (I e
II). A sua residência era uma obra prima, milionária, eclética, imponente,
perdendo somente em magnitude para o Teatro Amazonas.
Não esperava, nem sequer
sonhava, que tudo isto iria por água abaixo em um breve espaço de tempo,
secando a sua fonte de renda e de outros ricaços, indo todos à falência,
deixando um rastro de miséria e de abandono das cidades de Manaus e Belém (outrora
lindas e maravilhosas).
Tudo remou contra. Entrou em
produção a borracha asiática (roubada as mudas pelos ingleses e plantadas em países
com o clima parecido com o nosso).
As nossas seringueiras eram
nativas (os seringueiros tinham de entrar na mata fechada e abrir caminhos para
encontra-las e colher o seu precioso látex), um trabalho dispendioso, caro,
desumano, de semiescravidão).
Por outro lado, as asiáticas
foram plantadas de forma racional, com milhares delas próximas umas das outras,
de fácil manejo, com custos reduzidos e uma produção cada vez maior, baixando
drasticamente o seu preço no mercado internacional, tornando a produção amazônica
praticamente inviável.
O Scholz ficou “a ver navios”,
travado e imerso em dívidas cada vez maiores, sem poder manter a sua suntuosa
residência. Para salvar a sua empresa recorreu a um empréstimo (1911) de 400
Contos de Réis (prazo de um ano e juros de 9% a/a), acertado com um rico
comerciante do Purus, o seringalista e Coronel Luiz da Silva Gomes (este ainda
estava “em cima da carne seca”), dando como garantia o Palacete Scholz.
Para completar o cenário de
caos, veio a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a suspensão da rota marítima
de Hamburgo (Alemanha) até Manaus, impedindo o Waldemar Scholz de exportar os produtos
regionais para os seus principais compradores.
O alemão não conseguiu
honrar a sua dívida para com o brasileiro seringalista, sendo executado em 1914,
obrigar a vender por 121 Contos de Réis (1916) o seu belíssimo imóvel para o exequente
(ainda ficou devendo 618 (400 de empréstimo + juros + honorários + custas).
Em 1918, o Scholz resolveu
voltar para a Alemanha. Em 1928, ano de seu falecimento, a Assembleia legislativa
do Estado do Amazonas, fez um Necrológio (elogio fúnebre).
Os Scholz ainda permanecem
no Brasil, principalmente em Curitiba, no Paraná. Na Alemanha um deles é o “manda
chuva” daquele país.
O Palacete Scholz foi alugado,
em 1914, e depois vendido ao Estado do Amazonas, em 1918, por 200 contos de Réis,
o equivalente hoje em 24 milhões de reais. Na realidade, ele valia naquela época
600, equivalente hoje a 74 milhões de reais.
Virou Palácio Rio Negro,
depois, Centro Cultural Palácio Rio Negro, um prédio belo e bem conservado pela
Secretaria de Cultura e Economia Criativa – SEC, que juntamente com o maior
parque urbano de Manaus, o Parque Jefferson Peres, viraram um dos melhores
lugares para visitar, caminhar e conhecer um pouco da história de Manaus.
Scholz, um sobrenome de
família alemã que fez história na cidade de Manaus, na pessoa de um senhor
chamado Waldemar Scholz.
É isso aí.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Rio_Negro_(Manaus)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Olaf_Scholz
https://web.facebook.com/Manausdeantigamente/posts/2102721413124639/