A minha filha mais nova está
de férias em Manaus, marquei um encontro com ela às três da tarde de sábado, no
Largo de São Sebastião - ao longe, ouvi pessoas tocando instrumentos musicais e
cantando um samba-canção – aproximei do grupo e, sentei próximo a eles, liguei
o meu netbook, acessei a internet
gratuita da “Amazonas Digital”, fiquei navegando e observando e conversando com
os integrantes daquela confraria.
Na realidade, já passei
algumas vezes por lá e, conheço alguns deles, mas, foi a primeira vez em que
fiquei duas horas curtindo o que rola naquele espaço, pois além do samba, eles
gostam de conversar sobre as coisas boas da vida, além de desfrutarem do canto
dos pássaros, a ventilação natural e a sombra de algumas árvores que,
felizmente, ainda não foram autorizados o seu corte pelo Senhor Robério Braga,
o todo poderoso secretário estadual de cultura.
O grupo chama-se “Manaus
Samba Show”, um projeto comandado pelo Bopp, um músico e empresário da “Banda Treme
Terra”, ele fez muito sucesso no “Grupo Carrapicho”, inclusive estavam
mostrando um antigo disco de vinil desse famoso grupo musical. Este grupo
possui o objetivo de resgate e preservação de sambas tradicionais – o pessoal
do samba possuem até um site em que todos os eventos são relatados nesta
página, podem conferir no endereço eletrônico www.manaussambashow.blogspot.com
Existem algumas regras de
convivência por lá – o som deve ser baixo para não interferir nas outras atividades
que acontecem no Largo; a reunião começa as duas e termina exatamente as cinco
da tarde, bem como, não é tolerado uso bebidas alcoólicas.
Alguns são exímios
instrumentistas, cantores e bailarinos, possuem também a missão de ensinar aos
que são aprendizes – um local muito democrático, onde são disponibilizados os
instrumentos para aqueles que querem dar “uma palinha”, bem como, estão abertos
aos que trazem os seus - todos possuem acesso às letras das músicas que são
executadas.
Eles trazem bastante água
mineral, café e bolachas, ondes são distribuídos a todos, inclusive aos
turistas e pessoas que param para curtir e tirar fotografias do grupo.
Praticamente não utilizei
muito o netbook, pois preferi ouvir o samba e bater papo com alguns conhecidos
que fazem parte do grupo – deixei o meu computador com o Rodrigo, filho do
Silvestre (um (protético que é
apaixonado pela nossa MPB), o menino é um gênio na pintura, ele é aluno do
Kleber (um artista que divide com a esposa chilena, a administração de uma
lanchonete e a escola de pintura, na Rua Tapajós).
O Sezinaldo, um
descendente de portugueses, ficou na minha cola, ele é frequentador assíduo do
Largo e, constitui-se numa das pedras do sapato do Robério da SEC, pois possui
uma possante metralhadora giratória, onde ninguém escapada da sua mira
infalível – por ser um intelectual, tudo sabe e, tudo conhece – fala e, fala
muito bem – às vezes, fala mais do que a “Preta do Leite”.
Outro amigo que bateu
longos papos comigo foi o “Moranguinho”, famoso por ser o irmão da Terezinha
Morango, a nossa eterna miss Amazonas e do Brasil – o cara faz graça na
marcação do samba com um apito de madeira, além de gostar muito de flauta doce
– ele fala constantemente das suas doenças, acho que elas são, na sua grande
maioria, do tipo psicossomáticas (aquelas que estão mais no plano psíquico e
que acabam influenciando o orgânico).
Depois, apareceu um casal
da melhor qualidade, conhecidíssimo no Bar Caldeira e no ET Bar, a Geraldo e o
Garoto – ele toca muito bem o afoxé, além de ser um tremendo gozador, por outro
lado, a sua espora, possui uma paixão enorme por percussão (pandeiro e
tamborim), mas, não leva nenhum jeito, mesmo a turma ensinando o básico para
ela, não leva o ritmo de forma alguma – é a mesma coisa que entregar o pandeiro
para um japonês, não dá samba!
Peguei um bolo da minha
filha, ela não veio ao meu encontro, muito menos ligou, aliás, o tempo passou
num passe de mágica, nem senti, valeu a pena ter parado ao lado do grupo do
samba Manaus - pretendo voltar no próximo sábado e, tentar aprender a tocar o
básico do pandeiro. É isso ai.
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