Por José Rocha
O Geraldo Cambalhota possui
este apelido em decorrência de ter sido um dos melhores “peladeiros” de décadas
passadas e, ao fazer um gol dava cambalhotas pelo campo de futebol, era uma
coisa hilária, mas demonstrava o quanto era um craque que possuía um domínio total
da bola e um preparo físico invejável.
Mesmo aos 72 anos de idade
ainda possui um corpo atlético, fazendo questão de encostar as palmas das mãos no
chão sem dobrar os joelhos, um exercício de alongamento que até os mais jovens
não conseguem faze-lo a contento.
Lembra com saudades das peladas no Campo Maracanãzinho, do jogador Duca Brito.
Sobre este local, o
procurador de Justiça e Radialista Nicolau Libório, escreveu o seguinte: “Em
1948 a rua Cláudio Mesquita era inóspita, só mato e, por isso, poucos se
arriscavam a morar por lá, sobretudo pelo medo de contrair impaludismo. Mas o
paraense Manoel Bastos Brito e seus amigos Mansueto, Euclides, Tude Moutinho,
Marçal dos Anjos, Cláudio Coelho e Jofre Costa Novo, sem qualquer preocupação
com os problemas da área, resolveram fundar o Liberdade Esporte Clube. Duca Brito
(como era conhecido o jardineiro funcionário da Prefeitura de Manaus),
ex-jogador do Nacional e do Fast e por ser apaixonado pelas “peladas”, resolveu
reservar parte do seu imenso terreno na rua Cláudio Mesquita no antigo Seringal
Mirim para construir um campo de futebol, que coincidiu com a inauguração do
estádio Mário Filho, no bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro, na frustrante
Copa do Mundo de 1950 em que o Brasil foi derrotado na final para o Uruguai por
dois a um. Com a aquiescência dos amigos fundadores do Liberdade Esporte Clube,
Duca Brito, decretou: "o nome do estádio é Maracanãzinho.”. Alguns dos importantes
craques dos principais clubes de Manaus deram os primeiros chutes no campinho
de terra batida do Seringal Mirim.”
A “Banca do Geraldo
Cambalhota” é, na realidade, um Ponto de Encontro dos Manauaras que amam esta
cidade e que possuem alguma ligação com o esporte, principalmente, do futebol
de campo da época de ouro do Parque Amazonense e do Estádio Vivaldo Lima.
É um torcedor fanático pelo Nacional
Fast Clube, o "Tricolor
Eterno" que disputou a Copa Norte-Nordeste em 1968, 1969 e 1970, sendo que em 1970 conquistou seu maior título, a
Taça Norte, em excelente participação, garantindo assim vaga na Copa
Norte-Nordeste que reunia os principais clubes da Copa Norte e Copa Nordeste.
Lembra com saudades dos seguintes jogadores: Zé
Carlos (Maneco), Antônio Piola, Casemiro, Zequinha Piola, Pompeu, Zezinho,
Parada, Laércio, Afonso, Edson Piola, Zé Carlos, Mano, Adinamar Abib, Formiga,
Hélito, Melo, Barrote e Rangel, dentre outros.
O ponto máximo do Fast Clube
foi o jogo que travou contra o New York Cosmos, em 1980, com um publico recorde
de quase oitenta mil pessoas. Imaginem quem estava lá agitando a galera? Era ele
o mesmo: o Geraldo Cambalhota!
Ele era um agitador de
torcida, gritava, incentivava, esculhambava os jogadores, o técnico e até as
autoridades que estavam assistindo ao jogo. Não perdoava ninguém quando achava
algo errado, mas sempre dentro da razão, com educação e respeito a todos.
Tornou-se uma pessoa tão
conhecida em Manaus que os políticos sempre o procuravam para obter o seu apoio.
Ajudou na eleição do Arthur Neto, Hissa Abrão e até do Jair Bolsonaro, pois é
um “Bolsonarista de Carteirinha”.
Hoje, lamenta a atuação dos políticos
manauaras, principalmente dos prefeitos e vereadores, pois não dão o devido
valor ao Centro Histórico, principalmente da Avenida Getúlio Vargas, uma das
vias mais arborizadas da cidade, local onde o Geraldo Cambalhota passa o dia
todo em sua banca de revistas.
O mestre e treinador Flavio de Souza é uma dos seus melhores amigos. Depois de longos tempos o Flávio fez uma visita ao seu velho amigo e eu tive a oportunidade de registrar este encontro. O Flávio era o homem que ficava dentro do campo onde comandou o Rio Negro, Nacional, Fast Clube, São Raimundo, Rodoviária e o Olímpico Clube. Na torcida, ficava o Geraldo Cambalhota agitando os torcedores.
Para finalizar, desejo muita
saúde e vida longa ao meu amigo Geraldo Cambalhota. Os manauaras precisam conhecer
e respeitar as pessoas que amam de verdade a cidade de Manaus e sua gente.
Geraldo, você é o cara!
É isso aí.
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