Por José Rocha
O site do TCE disponibiliza
um histórico dos primórdios da constituição do Tribunal de Contas do Amazonas,
com a sua criação através da Lei 747/50. O Tribunal teve sede provisória no
Palácio das Municipalidades (destruído), na esquina da Rua José Clemente com a
Avenida Eduardo Ribeiro. Anos depois, mudou-se para o Palácio Rio Branco, onde
ficou por três anos. Em seguida, mudou-se para a Praça Oswaldo Cruz número 31,
onde permaneceu até 1973. Depois disso, mudou-se para o mesmo prédio onde
funcionava a Loteria do Estado e ficou por cerca de quinze anos.
Posteriormente, mudou-se para o “Edifício Tartaruga”, na Praça Adalberto Vale
número 18 e depois para a Rua Miranda Leão número 103. Finalmente, o Tribunal
mudou-se para a Estrada do Aleixo, Km2 (antigo V8 e atual Avenida Efigênio
Sales), onde foi construída a sua sede definitiva.
Por ser manauara da gema e
ter nascido no centro histórico de Manaus, sempre caminhei pelos lugares que
marcaram a minha infância e adolescência e parte adulta. Sempre lamentei pela
sua destruição e insensibilidade dos homens públicos que sistematicamente
destroem de uma forma sádica a nossa memória. Em uma dessas minhas caminhadas
adentrei aos escombros das “Casas da Booth Lines” e lembrei do saudoso Rogelio
Casado quando estivemos no mesmo lugar muitos anos atrás em um passeio
sinistro. Na época, o Porto de Manaus foi entregue de “mão beijada” pelo então
governador Amazonino Mendes à família “Di Carli”, que destruíram nosso Roadway
e seu entorno.
A ideia inicial do
ex-senador Carlos Alberto Di Carli (detentor da concessão da exploração do
Porto com o aval do Amazonino Mendes) era detonar todos os imóveis, deixar
somente a “casca” das fachadas dos prédios e fazer estacionamentos, bares e
restaurantes nos interiores. Houve um reclamo geral da sociedade, mas em
curtíssimo prazo ele fez um estrago geral. Foi à pique todo um quarteirão
histórico. Inclusive, no local foram encontrados resquícios do Forte de São
José da Barra, a primeira edificação que deu origem à cidade de Manaus.
A obra foi embargada somente
depois do estrago total. O prédio onde funcionou o TCE serviu para Casa
Comercial de Waldemar Scholz, Agência do Banco do Brasil, Agência Lloyd
Brasileiro e Caso do Pequeno Trabalhador. Atualmente, o nosso centro histórico
está “Tombado” pelo IPHAN, ou seja, protegido por lei. Ninguém poderá
alterá-lo, modificá-lo, restaurá-lo ou revitalizá-lo sem um projeto básico que
mantenha suas características originais. No entanto, naquela época era moda
derrubar “prédios velhos” para construir coisas modernas e assim foi sendo
sistematicamente destruído o centro histórico.
Num belo sábado quente de
Manaus, resolvi voltar à cena do crime cometido pelo Di Carli (que não foi
julgado nem preso, muito menos obrigado a ressarcir o prejuízo à cidade de
Manaus). Na realidade, a sua família continua mandando no Porto de Manaus e em
todo o seu entorno destruído, rindo da nossa cara de babaca.
Neste dia, tirei várias
fotografias da “casca” do outrora imponente prédio do antigo TCE. Pois apesar
da crueldade que fizeram com ele ainda aparece em seu frontispício “Tribunal de
Contas do Amazonas”.
Como forma de indignação,
mandei um e-mail (com fotos) para a Presidência do TCE nos seguintes termos:
"Prezado Senhor,
Meu nome é José Martins
Soares, conhecido por José Rocha. Sou escritor e blogueiro e editor do
BLOGDOROCHA. Sou amazonense de Manaus e adoro a minha cidade.
Fico triste e envergonhado
quando caminho pelo centro histórico pois está abandonado, sujo e desprezado.
Os senhores que possuem verbas milionárias bem que poderiam patrocinar as Casas
da Booth Line onde está inserido o antigo prédio do Tribunal de Contas do
Amazonas conforme fotos que tirei hoje.
Grato."
Para minha surpresa, eles
responderam:
Gabinete
da Presidência
Prezado
Senhor José Martins Soares.
Seu
e-mail foi recebido por esta Corte de Contas, oportunidade na qual aproveito
para informar que providências serão adotadas.
Atenciosamente,
Daniel Aquino de Sousa Chefe de Gabinete da Presidência
Tribunal
de Contas do Estado do Amazonas Av. Efigênio Salles, 1155 - Aleixo CEP:
69057-050 Manaus - AM Tel.: +55 (92) 3303-8198 / 3303-8159"
Será, parente?
Vou ficar com o pé atrás,
mas caso o TCE resolva intervir e revitalizar o Complexo Booth Lines, em
especial o prédio em ruínas do antigo TCE, ficarei feliz por ter influenciado de
alguma forma para a volta do respeito ao nosso Centro Histórico de Manaus.
É isso aí.
Fontes:
https://portalamazonia.com/estados/amazonas/manaus-historica-relembre-o-complexo-booth-line
https://noamazonaseassim.com/complexo-booth-line-em-manaus/
http://jmartinsrocha.blogspot.com/2011/02/desttruicao-da-booth-line-e-construcao.html