José Rocha
Hoje, resolvi passar o dia
todo na casa que era mamãe da gente, aliás, faz um tempão que estou aqui. A ideia
era “Passar Uma Chuva”, mas já passei vários “Raios, Trovões, Invernos,
Verões, Cheias, Vazantes, Parintins, Carnavais e Outros Eventos Mais”. Ao resolver
colocar um quadro com duas fotografias de minha mãe na sala de estar, comecei a
lembrar de um passado não muito distante, quando na cozinha onde estou agora
fazendo a minha comidinha, por sinal uma comida que nem a vizinha quer aceitar
uma provinha, pois não chega nem aos pés daquela comidinha da mamãe. Eba! Naqueles
tempos bons cheio de gente, além de meus pais, os meus irmãos, primos, primas, vizinhos
e aderentes. A casa sempre foi cheia de gente, comidas, cervejas, músicas e
alegrias, tipo aquela canção do Martinho da Vila: “Na minha casa todo mundo
é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba, não tem bola pra vizinha, não se fala
do alheio, nem se liga pra Candinha”. Lembrei, também, da música do Júnior
Rodrigues: “Já viajei pra bem longe daqui o meu AP é de frente pro mar.
Todos os lugares bonitos que vi. Não se compara com aquele lugar. Eu falo com
conhecimento. Pois nesse assunto sou experiente. O melhor lugar do mundo. É a
casa da mãe da gente”. Assim foi por um bom tempo. Existe aquele
ditado popular: “Quem Casa Quer Casa”, e, assim aconteceu, como acontece
em quase a maioria dos lares. Existem as exceções, dos camaradas que não querem
sair da “Aba do Chapéu” dos pais nem com nojo, não casam e quando arranjam
uma companheira resolve morar com ela na casa da mamãe. Pois bem, em nossa casa
todos os meus irmãos foram “Pegando O Beco”, um por um. Eu, fui o
primeiro a casar e a descasar e a voltar morar na casa da mãe da gente. Na
realidade, acho que depois da décima em que voltei e separei, resolvi ficar
solteiro de vez! Será, parente? O meu irmão Henrique, também, fez o mesmo. Por
eu gostar muito e sentir ainda muitas saudades de mãezinha Nely Fernandes e, ao
ter resolvido colocar o seu retrato num quadro na sala de estar, parece que ela
está me vigiando e aconselhando em tudo que faço ou deixo de fazer. Sei, não,
acho que ela deseja que eu case novamente. Alguns falam: “É Melhor Viver Sozinho
Do Que Mal Acompanhado”. Eu já fui casado e sei muito bem da importância de
uma companheira, de um lar, alguém para partilhar e compartilhar e tudo os mais,
incluindo aquelas briguinhas por coisinhas um tanto frugais. Pois bem, meu bem.
Acho que está ficando na hora de ir embora e me amancebar com uma “Amiga De Vista,
Caso Eu Insista”. Sei, não. Semana passada esteve aqui em casa da mamãe da
gente o meu netinho Matheus, ele é apenas uma criança, mas gosta muito da casa
de seus bisavôs, mexe em tudo, vai buscar no fundo do baú as velhas recordações
que eu nem lembrava mais. Fala que gosta da casa do vovô. Sei, não, acho que ele
vai morar por uns tempos por aqui comigo, caso eu continue solteiro. Sei, não,
apenas espero que um dia ele case e, caso descase, pode voltar a morar na casa
da minha mamãe. Um dia desses, a minha irmã Graciete teve um “couple figth”
(briga de casal), trouxe sua bagagem e falou: “Voltei Para A Casa Dos Descasados.
A Casa Da Mamãe Da Gente”. Pensei: “Caralho, Agora O Bicho Vai Pegar, Está
Todo Mundo Voltando Para O Passado!”. Não passou nem um dia e ela voltou
para a sua casa, mas, por segurança, deixou grande parte de suas coisas na casa
da mamãe, pois essa onda de casar e separar ou conheço muito bem e, ela,
também. Enquanto eu e os meus irmãos estivermos vivos e em condições físicas e
financeiras iremos conservar a casa da mamãe, a bronca será para os nossos
filhos e netos. Pensando bem, acho que ela servirá de refúgio, no futuro, para
todos eles quando se separem. A casa da mamãe da gente é tipo o seu coração: “Sempre
Cabe Mais Um”.