Na década de setenta, um
grupo de jovens professores da rede estadual de ensino, descobriram um grande
filão na área educacional e, resolverem montar, em Manaus, um curso
preparatório para o concorridíssimo vestibular da antiga Universidade de Manaus
(UA), era o Pré-vestibular Einstein, na Rua Barroso, depois, Rua 24 de Maio,
centro, dirigido pelo Waldery Areosa, na área de Física e Matemática; o Ordival "Índio", de História e Geografia e do nosso querido Lázaro,
de Língua Portuguesa e Literatura, uma figura que tinha uma forma toda especial
de lecionar.
Os dois primeiros foram
sócios por muito tempo, formando, tempo depois, o Curso Objetivo, atual
Uninorte/Grupo Ser Educacional, uma imensa universidade de graduação e
pós-graduação, com ramificações em todo o Brasil e no exterior.
Foi aluno deles, conseguindo
ser aprovado, em 1978, no curso de Administração. depois de muitos anos depois,
voltei a estudar Direito (inconcluso), na Uninorte.
O professor Lázaro seguiu
por longo tempo a “carreira solo” , formando um bom tempo depois, o Colégio e
Pré-vestibular Camões.
Ele era muito querido pelos
seus alunos, pois apostou na descontração como uma excelente forma pedagógica
de ensinar.
A grande maioria dos
brasileiros possui uma grande dificuldade em absorver os ensinamentos da língua
portuguesa, faço parte dessa massa, mesmo assim, com um ano de aula do
professor Lázaro, consegui passar no vestibular.
Ele lecionava contando
piadas, gesticulando bastante e chamando até palavrões. A turma ia ao delírio
com as suas aulas, ela deixou de ser maçante, para tornar-se prazerosa.
Foi o responsável em colocar
muita gente na UA, pois motivava aos jovens a estudarem com mais afinco. O
sucesso imediato do cursinho foi em decorrência do seu excelente desempenho e
carisma, sem sombra de dúvidas!
Tinha um pequeno defeito de
fábrica: era um apreciador inveterado de uma “loura gelada”, aliás, de várias e
diversas, tanto que servia até para motivos de zombaria por parte dos alunos.
Passou um bom tempo
abstêmio, chegando a frequentar e presidir a irmandade dos Alcoólicos Anônimos
do Porto de Manaus.
Segundo o artista plástico
Inácio Evangelista, ele foi muito amigo do Lázaro, os dois secaram muito bar em
Manaus e, foram também irmãos do AA.
Certa vez, o Inácio me
contou uma proeza dos dois, foi mais ou menos assim: num belo sábado caliente
de Manaus, os dois amigos se encontraram no "Canto do Fuxico"
(esquina da Avenida Eduardo Ribeiro e da Rua Henrique Martins), o Inácio propôs
uma caminhada até a esquina da Rua José Clemente, chegando lá, resolveram pegar
a esquerda e pararam bem em frente ao bar da Dona Maria e do Adriano Cruz.
Resolveram tomar um guaraná
Baré, papo vem, pago vai, pediram outro guaraná, papo vem, papo vai, tomaram o
terceiro guaraná, antes de pedir o quarto, o Inácio propôs o seguinte:
- Companheiro Lázaro, está
fazendo um calor danado, que tal tomarmos somente um copo de cerveja? -
perguntou na brincadeirinha para o professor - se colar, colou!
- Companheiro Inácio, faz
logo o pedido, aproveita e pede dois maços de Hollywood e Tira-Gosto de Queijo
Bola com Salame, manda o Adriano separar uma dúzia de ampolas véu de noiva, eu
não sou homem de tomar somente uma, estou até o pescoço com a porra desse
guaraná, vamos secar o boteco, Companheiro Inácio! - respondeu na maior - quem
manda cutucar Onça com vara curta!
- Paranananam, paranananam -
Ó abre alas que eu quero passar, eu sou da lira não posso negar! Vou-me embora
para Pasárgada, lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que eu quero, na cama
que escolherei!
Os dois companheiros passaram
a tarde bebendo, cantando e declamando, estavam “mais felizes do que pinto no
merda”!
Depois da bebedeira, os dois
ainda foram abrir os trabalhos no AA, não deu outra, foram expulsos pelos
estivadores, embaixo de socos e pontapés.
O Lázaro fechou o Curso
Camões e foi para Boa Vista (Roraima), continua lecionando e dirigindo um
cursinho, não sei se ainda é apreciador de suco de cevada.
Parabéns ao professor e,
muito obrigado pelos seus ensinamentos.
É isso aí.