É
uma das principais vias do centro de Manaus, começando na Avenida Tarumã terminado
na Avenida Sete de Setembro, possui um intenso movimento de trânsito, onde
praticamente todos os ônibus das linhas do centro retornam no sentido bairros –
é a mais arborizada avenida da nossa cidade, refletindo no microclima daquela
área – ela é recheada de histórias, possuindo um valor sentimental muito grande
para os manauaras sessentões e setentões. No final do século dezenove aquela
artéria era conhecida como Rua 13 de Maio, uma homenagem a Lei Áurea, de 13 de
maio de 1888, que aboliu a escravidão no Brasil. Em seu seio corria o Igarapé
dos Remédios (passava por dentro da Vila Paraíso), possui este nome em decorrência
de se estender até os arredores da Igreja dos Remédios (via Rua Floriano
Peixoto). Era praticamente um pântano, com muitos mosquitos, ocasionando muitas
doenças aos moradores das imediações, o que motivou aterra-lo a partir de 1900,
em plena belle époque manauara. No início, os trabalhos eram feitos em pequenas
carroças, depois, foram utilizados os sistemas de trilhos, com vagões da Manaus
Harbour Company, empresa inglesa que administrava o Porto de Manaus (Roadway).
Os trabalhos de aterramento foram interrompidos em 1912, no governo do Agnello
Bittencourt, no final da época de ouro da comercialização da borracha – foram várias
interrupções nos trabalhos decorrentes dos altos custos, tanto que o povo não
mais chamava de Igarapé dos Remédios, mas de Igarapé do Aterro, sendo concluído
uma parte somente em 1930. Na década de quarenta, o interventor federal no
Amazonas era o Álvaro Botelho Maia, o Prefeito era o seu irmão, o Antônio Botelho
Maia – para homenagear o Getúlio Vargas, Presidente da República, mudou nome de
Avenida Treze de Maio, para Avenida Getúlio Vargas. Em 1942, em plena Segunda Guerra
Mundial, os norte-americanos vieram para Manaus, onde fundaram a empresa RDC
(na Ilha de Monte Cristo) para comprar toda a produção de borracha que eram
levadas por navios e aviões anfíbios. Para pousar os grandes aviões da Panam, vieram
de navios muitas máquinas pesadas para construção do Aeroporto de Ponta Pela,
depois de inaugurado, esses maquinários foram doados para a Prefeitura, que o
utilizou na finalização da Avenida Getúlio Vagas. Aos doze anos de idade foi
morar na Vila Paraíso, com entrada pela Rua Tapajós e Avenida Getúlio Vargas –
em decorrência disto, possuo todo um carinho especial pela nossa “Getúlio”,
pois por lá permaneci até a vida adulta, saindo apenas quando casei e fui morar
no Conjunto dos Jornalistas, duas décadas depois, separado, voltei para a casa
de meus pais. Por lá marcaram tempo o prédio da Camtel, depois Telamazon e
atual Samel. A Casa Aroeira até hoje está aberta ao público. O Bar do Gordo
ficava bem na esquina da Ramos Ferreira, ponto de encontro dos jovens antes de
adentrarem ao Cheik e Bancrevea. As residências dos polícias Dr. Klinger Costa
e do Delegado do Diabo, personagens folclóricas que metiam medo em todo mundo,
até nos jovens inocentes daquele tempo. Tinha Também: Galera Selvagem,
Bateria Unidos da Getúlio, Boate Porão, Curso Dinâmico do Mestre Nestor
Nascimento, Esquina do Chope, Hospital das Crianças, Casa A Ferreira Pedras,
Hospital da Cruz Vermelha, Posto do Inamps, Café do Pina, Bar Garfo de Ouro,
Muro da Bené, Bar do Alex, as Quadras de futebol dos colégios Doroteia e
Estadual, os cinemas Polyheama e Guarany e outros. Sem dúvida o que mais marcou
a minha juventude e dos meus irmãos e vizinhos foi sem dúvida o Cheik e o
Bancrévea Clube, pois estávamos com os hormônios a mil por hora, doidos para
dançar, beber, extravasar e pegar com todo gás as minas do pedaço. O lugar era
ali mesmo próximo as nossas casas, com bailes todos os finais de semana, onde
podíamos tomar uns drinques, paquerar, dançar solto (rock nacional e Internacional)
ou agarradinho (músicas românticas, deixando o cidadão naquela situação
vexatória), enfim, fazer o que todos os jovens gostavam na minha época.
Tinha alguns jovens que faziam “pegas” (corrida de velocidade), participavam de
galera do mal e gostavam de brigas e confusões, fumavam dirijo (maconha),
pegavam até os caras alegres para conseguir uma grana extra para gastar com
seus vícios. Não foi o meu caso, pois sempre fui um cara maneiro, contido e
nunca fui chegado a esses extremos, sempre trabalhei, tinha o meu fusquinha
setentinha, gostava mesmo era de beber Montilha com Coca-Cola na Rolha e correr
a mil por horas atrás de uma mulher. Apesar da cidade de Manaus ser
um pingo no “oceano” de mata da Amazônia, não é uma cidade muita
arborizada, o que é muito lamentável, refletindo a falta de
sensibilidade dos administradores públicos para com o meio ambiente. Esta
avenida, contrastando com as demais, possui o privilégio de esbanjar verde em
toda a sua extensão. Faz alguns anos, foi feito um estudo pelos técnicos da
Prefeitura de Manaus, sobre o efeito da arborização no clima da cidade,
foi constatado que há uma diminuição em torno de dois graus centígrados,
inclusive beneficiando a Avenida Joaquim Nabuco. Esta Avenida é a
principal via de passagem dos milhares de ônibus, no sentido
centro/bairros e apesar das toneladas de gás carbônico jogados pelas descargas
dos veículos, o impacto é minimizado pelas dezenas de árvores do local. Atualmente,
a Avenida Getúlio Vargas continua bonita e arborizada, no entanto, precisa de
uma atenção maior por parte da Prefeitura de Manaus, para manutenção do
Canteiro Central, recuperação das calçadas laterais e incentivar os moradores a
recuperarem as fachadas das residências mais antigas, além de maior segurança
pública por parte da Polícia Militar.