Em de 1900 foi concedido à empresa B. Rymkierwiez & Co., a concessão para construir e administrar o Porto de Manaus, através do Decreto no. 3.725/00, do governador Silvério Nery (1900-1904), transferindo em seguida para a Manaos Harbour Limited.
O Barão Rymkierwiez,
proprietário da empresa concessória, não conseguiu cumprir com o foi acordado,
sendo transferido para a MHL que assumiu o compromisso de até 1924, concluir
toda a infraestrutura
necessária para atender às exigências da época áurea do Amazonas, que inundava
a nossa região com riquezas advindas da comercialização do látex da nossa
borracha nativa.
Esta empresa tinha como sócios os irmãos ingleses Booth, proprietários da empresa de navegação Booth Line Ltd., que para Manaus traziam da Europa e dos Estados Unidos tudo o que existia do bom e do melhor, pois a riqueza imperava em nossa cidade, levando de volta toda a produção de borracha.
Foi a união perfeita do
útil e do agradável, pois possuíam uma frota de imensos navios que fazia rota
internacional, carregando
e descarregado pessoas e mercadorias no maior e mais moderno porto flutuante do mundo, sob a
sua administração, levando o
bem mais cobiçado daquele tempo: a borracha in natura da Amazônia.
O Porto de Manaus, uma
obra prima dos ingleses, ficou conhecido por Roadway, mais conhecido pelos manauaras
por Cais Flutuante.
O povo se acostumou a
falar algumas palavras em inglês ou alemão, pois naquela época era permitido
fundar empresas com o nome totalmente em estrangeirismo.
“Manaós” como era grafado
naquela época Manaus. “Harbour” significa em inglês Porto. E “Limited”
significando que era uma empresa constituída de Quotas de Responsabilidade Limitada
(pertencentes aos irmãos Booth). Ou seja, em nossa língua portuguesa “Porto de
Manaus Ltda.”.
Para conviver com tantos
nomes esquisitos, a população fazia as suas adaptações. Por exemplo, Roadway
era chamado de “Rodo”. A
Manaós Harbour de “Manausarbu”. Booth Line de “Butlaine”
Para fechar o cerco e
ganhar muito dinheiro, os ingleses fundaram empresas para geração e
distribuição de energia elétrica; circulação de bondes elétricos; captação e
distribuição de água, além da rede e
tratamento de esgotos.
Vários fatores
contribuíram para a debandada geral dos ingleses e a dissolução de suas empresas:
1. A
partir de 1910 o mercado da nossa borracha começou a desmoronar no exterior, pois
entrava aos poucos a produção asiática, ocorrendo falências e fechamento de
negócios em Manaus;
2. Para
agravar o estado de penúria foi eclodida a Primeira Guerra Mundial (1914/1918);
3. A
Gripe Espanhola, em 1918, infectou um quarto da população mundial. Em Manaus. Cerca
de 10% da população veio a óbito;
4. Entre
1920 e 1930 a cidade de Manaus vivia uma situação de penúria.
5. Em
1930, o presidente Getúlio Vargas tentou a voltar um período de maior
prosperidade;
6. Em
1939 veio a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), para voltarmos novamente a
decadência.
A passagem dos ingleses por estas bandas deixaram marcas até hoje: tampas de bueiros com a marca M.I.L – galerias de esgotos - trilhos do bondes que aparecem aqui e acolá – vários prédios e todo o complexo do Porto de Manaus.
As iniciais M.H.L aparecem
na entrada do Roadway, na Casa de Luz e
Força (Museu do Porto) e outros prédios do Porto de Manaus, conforme
fotografias.
Quando o Museu do Porto
for reaberto ao público, poderemos observar e conhecer um muito mais sobre a
famosa “Manausarbu”.
É isso ai.
Fotos: José Rocha