Para quem não está acostumado a andar de ônibus em Manaus, a dificuldade é muito grande para se descolar na cidade, primeiro, as linhas são conhecidas por números, segundo, os motoristas não são muito chegados a dar informações sobre o percurso e, por último, os coletivos são na grande maioria verdadeiros cacarecos. Ainda sou usuário do transporte coletivo, porém, ainda não gravei os referidos números, prefiro andar mais nos micro ônibus, chamados de "Alternativo", a tarifa é de três reais, com direito a ar condicionado e uma música ambiente, além de constar no para-brisa todo o itinerário em letras garrafais (letra tamanho acima de 72), porém, quando preciso pegar um ônibus dito “normal” aí a coisa toda muda – neste sábado, fui convidado para um almoço de confraternização entre os produtores de sorvete natural, da comunidade Nossa Senhora de Fátima, zona rural de Manaus, o local é uma área de preservação ambiental (APA), fica às margens do Rio Tarumã-Mirim, com acesso fluvial e pela BR-174, lá é muito bonito, já estive por lá ano passado. Sobre o sorvete natural, os comentários são os melhores possíveis, eles produzem sem nenhum aditivo quimico, dizem que é o puro sabor da fruta, a água utilizada é de uma pureza total, estão tendo todo o apoio dos pesquisadores do INPA, inclusive, já despertou interesse de grupos canadenses em financiar a produção para exportaçao para aquele país. Para me deslocar até o evento, peguei o ônibus 011/Balneários, imaginei que iria passar na Praia da Ponta Negra, pois os balneários de Manaus eram além dessa belíssima praia, o Parque Dez, Ponte da Bolívia e Tarumã, com exceção daquela, todos os demais morreram com o progresso. Segui a rota, o ônibus passou próxima a Ponte da Bolívia (nome dado em homenagem a primeira moradora do local e não ao país da América do Sul) e entrou na Estrada do Tarumã (zona Oeste de Manaus, nome em referencia ao Rio Tarumã que desemboca na margem esquerda do Rio Negro), conhecida como Estrada do Turismo -, parou no poluído e abandonado “balneário” do Tarumã, sentí uma enorme tristeza ao ver o local onde eu tomava longos banhos de igarapés com a minha família – a pequena cachoeira ainda está lá – será que um dia será despoluído? Pode ser, basta somente boa vontade e educação do povo, tudo é possível, pois o homem está conquistando o espaço sideral - por que não pode voltar a dar vida a um igarapé! A rota continua – o ônibus entrou mata adentro, deu para sentir o cheiro de interior, o clima muda, a viagem é tranquila e reconfortante, imaginei que após aquele percurso, o ônibus iria voltar e rumar em direção à praia de Ponta Negra – qual nada! E toma estrada, becos, vielas, ramais, entram e saem gente e, nada de voltar! – passou pela Vivenda Verde, deu uma ré, seguiu para outro ramal, depois de uma hora de viagem, o motorista para o buzão no meio da floresta e detona bem alto: - Ponto final, galera! Achei que o aviso fora para mim, pois estava atônito e com aquela cara de leso, parecia um cachorro que caiu da mudança - dirigi-me a cobradora e perguntei: - Peguei o ônibus errado, e agora? Como é que eu faço para chegar até a Praia da Ponta Negra? Ela respondeu: - O senhor espera mais uns quinze minutos, este ônibus vai retornar para o Centro, depois o senhor espera em torno de uma hora mais ou menos, pega o 012/Balneários, este sim, vai até a Ponta Negra. - Pensei cá com os meus botões: esperar o ônibus 011 dá a partida, são 15 minutos, voltar ao centro, leva mais uma hora, esperar o 012, mais uma horinha, chegar até a Ponta Negra, mais 45 minutinhos, dar uma pernada até a Marina do David (fica por detrás do Tropical Hotel), leva mais 15 minutos, pegar uma Barco a Jato, o percurso até a comunidade é longo, mais 45 minutos, talvez chegue na comunidade beirando as duas da tarde – adeus almoço comunitário! Que pena, vai ficar para a próxima vez – depois dessa, com certeza, jamais esquecerei o numero da linha, será? E se eu pegar novamente o 011 em vez da linha 012? Sei não, mas de qualquer forma vai valer o passeio – na próxima vez que for convidado para ir a Comunidade Nossa Senhora de Fátima, sairei ao raiar do dia! Eu, hein!
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