José Rocha
A cidade de
Manaus tem sua origem na construção do Forte de São José da Barra do Rio Negro. O dia 24 de outubro foi escolhido como o aniversário da cidade,
pois foi nessa data que a Vila da Barra do Rio Negro foi elevada à categoria de
cidade.
De acordo
com os historiadores, a fundação de Manaus ocorreu em 1669, com a edificação do
Forte de São José do Rio Negro. Em 1832, ela foi elevada à categoria de vila,
com o nome de Vila de Manaós. Em 10 de outubro de 1848, passou à categoria de cidade, com o nome
Cidade da Barra do Rio Negro, que manteve até 1856, quando voltou a se chamar Cidade
de Manaus (04/09/1856). Em 1948, foi erguido um Obelisco no final da Avenida
Eduardo Ribeiro, para homenagear o centenário da elevação de Manaus à categoria
de cidade.
Por muito
tempo, houve uma divergência entre os historiadores e as autoridades públicas
sobre a data da fundação da cidade de Manaus, pois alguns consideravam a de
1848 (ano da elevação à categoria de cidade) e outros, a de 1669 (ano da
construção do Forte), sendo este último o adotado por todos atualmente e a data
de 24 de outubro (da elevação a categoria de cidade).
O Forte, ou
Fortaleza, era um nome pomposo para uma construção que deveria ser chamada de
Fortim (uma fortificação pequena). O Forte recebeu vários nomes ao longo dos
anos, mas foi o marco inicial da cidade de Manaus. A sua função primordial era
a proteção dessa parte do Brasil contra a invasão dos holandeses e espanhóis,
que estavam sediados nas atuais Guianas, e que contavam com o apoio dos povos
indígenas que habitavam essa região milhares de anos antes do ‘descobrimento’
do Brasil pelos portugueses. Estes últimos, por sua vez, escravizaram e mataram
os índios como se fossem animais de caça.
Para
amenizar as revoltas dos índios que não aceitavam ser escravizados, os
portugueses permitiram que os oficiais da armada se casassem com as filhas dos
caciques, dando origem ao caboclo (em tupi, procedente do branco), uma
miscigenação entre o índio e o branco, pronunciada pelos habitantes como
‘caboco’.
No ano de
1875, o Forte foi abandonado e virou ruína. Existem alguns relatos de que parte
do material foi destinado para a construção do Palácio do Governo (atualmente,
Paço da Liberdade e Museu da Cidade, na Praça D. Pedro II). Existe uma sala no
museu com o piso de vidro onde se veem ao fundo algumas urnas indígenas e
alguns pilares de pedra, que podem ser vestígios do Forte, se os relatos forem
verdadeiros.
Os
administradores do Porto de Manaus cometeram um crime contra o patrimônio
público ao destruírem todo um quarteirão conhecido como “Complexo Booth Lines”.
Comentou-se que nessa área apareceram vestígios do Forte que o IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com outros órgãos federais,
conseguiu embargar a obra. Ordenaram que o local fosse aterrado para evitar a
presença de curiosos e a depredação do que restou da nossa memória.
Espera-se
que um dia aquela área seja revitalizada e que parte do Forte seja mostrada ao
público, caso ainda exista. Afinal, lá é o berço da cidade de Manaus.
Milhares de
anos antes do “descobrimento do Brasil” pelos portugueses, já habitavam toda
essa imensa região diversas etnias indígenas, entre elas a dos Manau, um povo
bravo e guerreiro, que se destacou pelo líder Ajuricaba, que preferiu se
suicidar a ser escravizado.
Em homenagem
a essa etnia, os habitantes desta terra resolveram dar o nome de Manaus à
cidade, escrita antigamente como Manaós, que significa na língua indígena “A
mãe dos deuses”. Outra etnia que habitava a maior parte da calha do Rio Negro
era a dos Barés. Eles também influenciaram a cultura dos habitantes de Manaus,
tanto que até hoje usamos a expressão ‘Leseira Baré’ (para se referir às
bobagens que os manauaras falam, por causa do calor intenso que derrete os
miolos na capital Manaus) e outros termos pejorativos.
No passado,
os manauaras não gostavam de ser chamados de ‘índio’, Baré ou ‘caboco’, pois
era considerado um insulto, mas com o tempo foram aceitando a sua origem e
miscigenação, tanto que atualmente a maioria dos brasileiros do sul do país
começou a respeitar e admirar a nossa origem e cultura. No passado, o gentílico
de quem nascia em Manaus era ‘Manauense’, assim como são chamados o paraense, o
maranhense, o cearense, etc., pois são formas aportuguesadas. Hoje em dia, a
grande maioria que nasce nesta terra prefere ser chamada de ‘Manauara’, pois
reconhece que os seus antepassados eram indígenas da tribo Manau.
A cidade de
Manaus é repleta de histórias, assuntos para centenas de livros publicados
pelos nossos historiadores, além de ter um acervo enorme de fotografias e
filmes que continuam disponíveis para as novas gerações, e dos jornais antigos
guardados na Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. Há também prédios e
monumentos que conseguiram sobreviver à fúria destruidora de pessoas
insensíveis ao longo desses 355 anos de história da cidade de Manaus.
Esta série,
denominada “Canal - Manaus na História”, buscará de forma simples e didática
contar um pouco sobre o nosso passado e, também, comentar um pouco sobre a
Manaus atual.