José Rocha
O tempo
passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus já era. Mas as lembranças dos
carnavais que vivi continuam frescas na minha memória, como se fossem ontem.
Comecei a
curtir a folia quando era um pirralho, no Clube do Amazon Hotel, que ficava na
esquina da Rua dos Andradas com a Rua Rocha dos Santos. O prédio continua de
pé, mas está morto por dentro.
O meu pai
juntava toda a família, comprava as fantasias mais baratas que encontrava e
levava a gente para se divertir no salão. Eu me lembro bem, devia ter uns dez
anos. O clube ficava no segundo andar, e eu adorava brincar na escada de
madeira que rangia a cada passo. Também gostava de catar no chão os confetes e
serpentinas que sobravam, para jogar de novo nos outros foliões.
Meu pai
tomava uma cerveja bem amarga chamada XPTO, que alguns a apelidavam de “Pata
Choca”. Eu e a molecada ficávamos no Graphete e no Baré Cola, que eram os
refrigerantes da época.
Depois,
apareceu a famosa “Mãe das Bandas”, a Banda do Mandy´s Bar, do Hotel Amazonas.
Certa vez, houve uma confusão danada, quando os “Biqueiros” se encontraram com
os “Rapazes Alegres” no sábado magro de carnaval, saíram correndo atrás dos rapazes
alegres, e acabaram com a banda do hotel. Foi uma cena hilária, parecia filme
de comédia pastelão.
Eu também me
lembro das “Batalhas de Confetes” e dos desfiles dos “Blocos de Sujos”, na
Avenida Eduardo Ribeiro. Era uma festa só, eu me amarrava em pegar as tampinhas
de refrigerante que os blocos jogavam. Eram miniaturas de garrafas, que eu
colecionava. Eu subia e descia a avenida, sem parar.
Na minha
adolescência, eu vi os primeiros blocos carnavalescos, que depois viraram as
primeiras Escolas de Samba de Manaus. Eu me lembro da Unidos da Selva, era dos
militares que tinham uma onça de papel machê como símbolo. Da Unidos do Rio
Negro, que tinha o Galo Carijó como mascote. E da Barelândia, do Maranhão, do
Boi Luz de Guerra, da Matinha.
A Avenida
Eduardo Ribeiro ficou pequena para tanta gente, e então mudaram o carnaval para
a Avenida Djalma Batista. Os desfiles foram lá até 1990, e depois foram para o
Sambódromo.
Eu assisti a
muitos desfiles na “Passarela do Samba”, e ficava até o sol raiar. Mas eu nunca
desfilei em nenhuma Escola de Samba. Não tenho nenhuma preferida, mas sempre
gostei do Morro da Liberdade e da Vitória Régia.
Elas tinham
as fantasias mais bonitas e as baterias mais animadas. Eu gostava de pegar
algumas fantasias que eram jogadas fora na “dispersão”, e levar para enfeitar
os carnavais do meu bairro.
Eu fui em
quase todas as bandas de carnaval do centro de Manaus, mas hoje em dia eu só
vou à Bica, no Bloco do Caldeira e na Banda do Jaraqui. São as mais
tradicionais e as mais divertidas.
Eu também
gosto de assistir aos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, pela
televisão. Eu ainda tenho vontade de ir um dia ver ao vivo e a cores os
desfiles na Sapucaí.
O tempo está
passando, mas eu ainda participo dos carnavais, pois o samba corre em minhas
veias. E como diz o ditado: quem é rei nunca perde a majestade.
Viva o
carnaval! 🎉