Foto: Jornal A Critica
O ano de 1967 marca a
estreia no rádio amazonense do Aristophano Antony, mais conhecido como Ari Neto,
tornando-se nos dias atuais uma lenda no jornalismo esportivo, pois não é para
qualquer um completar 56 anos de carreira.
Quando
completou 50 anos de carreira, em 2017, o jornal de maior circulação em Manaus
“A Crítica”, fez uma reportagem de página inteira comentando sobre o trabalho
do Ari Neto, realizado pela jornalista Camila Leonel, do qual registro algumas
declarações do nosso homenageado.
"O rádio começa com um sonho, torna-se uma realidade e termina numa eterna conquista. A frase que o radialista amazonense, Ari Neto, ouviu no rádio há alguns anos quando ele morava em São Paulo sintetiza bem os 50 anos – completados no dia 8 de janeiro - de trajetória no rádio esportivo do Amazonas. Um sonho que, além de uma realidade, virou uma história de vida. Mas ele mesmo corrige a frase que o inspira. “Para um apaixonado por rádio como eu, a história não termina nunca”.
“E a história de Aristophano Neto, 67, mais conhecido como Ari Neto, começou por influência dos primos mais velhos, que escutavam as transmissões esportivas em São Paulo. “Em 57, eu morava e estudava em São Paulo e era perto do Pacaembu e ouvia as transmissões esportivas. Quando voltei para Manaus, ouvia muitos programas esportivos com grandes locutores como o Arnaldo Santos, João Bosco Ramos de Lima e o meu sonho era ser narrador esportivo”, relembra.”
"O sonho começou a virar realidade quando o pai dele o levou para a Rádio Baré. Era o ano de 1967, porém, até sua voz ser ouvida nos aparelhos de rádio amazonenses demorou um pouco. Ele começou como “foca”. Anotava as as escalações dos times e passava as informações para os repórteres. “Antes era mais difícil para falar no microfone. Os integrantes das rádios eram muito fominhas. Não davam chances para os novatos”, enfatiza.
"A oportunidade de ser locutor veio por acaso no ano de 74. Já como repórter da rádio Difusora, em um jogo na Colina, o filho do locutor que estava escalado para narrar a partida se machucou. Ari foi chamado à cabine e pediu para que ele tocasse a programação já que precisava levar o garoto ao hospital. “O João Bosco, que era coordenador da rádio, ouviu, gostou e me lançou como narrador e achou que eu levava jeito para ser narrador”.
“Há muito tempo nas cabines dos estádios manauaras, Ari Neto presenciou vários episódios da história tanto do futebol como do rádio em Manaus. Viu times locais na Série A e presencia agora a realidade dos amazonenses que ano após ano buscam acesso para a Série C. Quanto ao pequeno número de torcedores que comparecem aos jogos dos times locais, ele acredita que há dois motivos: exigência dos torcedores e baixo investimento.”
“A grande diferença do torcedor amazonense para o paraense é que nós aqui somos mais exigentes. Se o time está bem, a torcida vai em peso. Quando o São Raimundo estava na Série B, a torcida lotava o estádio porque estava bem no futebol. Quando não vai bem, o torcedor se afasta. No Pará, eles prestigiam o futebol em qualquer momento. Eles são apaixonados pelos clubes deles. Aqui, se um time voltar para a Série B, o público volta”.
“Outra deficiência do futebol amazonense é a formação de novos talentos. Se antes os ídolos eram jogadores da terra, hoje, os times amazonenses trazem jogadores de fora e esquecem de investir na formação dos craques locais.”
“Eu narrei uns jogos do infantil e juvenil e você vê que tem muitos craques, mas falta investimento dos times locais. Hoje se traz muitos jogadores de fora e não se mantém o time. Forma um time e desfaz. Depois de dois jogos dispensa técnico. E nós não temos estrutura que nem em São Paulo, Minas e Sul. Então fica difícil”
Tive a oportunidade de rever o Ari Neto, no lançamento do meu livro “Flávio de Souza - Uma vida feita de futebol e música”, ano passado, no Luso Sporting Club, pois é amigo do Flávio de Souza, desde 1967, na antiga Rádio Baré, desde então mantemos contatos direto. Na realidade, já o conheço faz bastante tempo, quando fomos vizinhos no Conjunto dos Jornalistas (Avenida Constantino Nery).
O Ari Neto não milita mais
nas rádios tradicionais de Manaus, mas nas rádios web, sempre fazendo
comentários esportivos. Eu possuo um projeto de implantar a “Rádio Web Manaós”
e os meus convidados para comandarem a área esportiva serão Joaquim Alencar,
Flávio de Souza, Maneca e o grande Ari Neto.
O Ari presenciou o apogeu e
a decadência do futebol amazonense, e mesmo no auge dos seus 73 anos de idade,
conserva ainda a mesma garra e paixão de outrora, além de aguardar,
ansiosamente, pelo volta do brilho do nosso futebol, e além do mais, continuar
fazendo o sempre gostou: ser narrador de futebol.
É isso ai.
Fonte:
https://www.acritica.com/esportes/radialista-ari-neto-completa-50-anos-de-carreira-1.178238