José Rocha
Com o desaparecimento do
jornalista inglês Dominique e do indigenista brasileiro Bruno, o Brasil ficou,
novamente, em voga internacionalmente e, em particular, o Rio Javari.
O nosso Amazonas é tão grande
que não cabe dentro da cabeça de muitas pessoas a concepção de sua dimensão.
Somente para termos uma ideia,
a Reserva do Javari, onde o Rio Javari está inserido, possui o tamanho
equivalente ao nosso país-irmão Portugal.
Eu sou amazonense de Manaus,
no entanto, somente fui ater a minha atenção àquele lugar quando o Boi
Caprichoso, em 2019, lançou a seguinte toada:
Vale Do Javari
Javari Ituí
Javari Curuçá
Javari Itaquaí
Bacia dos belos Matsuí
Berço bravo dos Mayoruna-Curuçá
Sina feliz dos Kulina Itaquaí
Braço forte dos Marubo Javari
Cacete de morte dos Kixitos Kaniuá á á...
Vale do Javari
Vale das madeiras
Perola á á...
Palmeiras do Javari
Dos índios arredios
Perola á á...
Nada vale como um
Vale de lágrimas
Vale pela vida, pelo sangue dos Mayorunas
Pelo riso dos Matis
Pelo viço dos Kulinas
Pela arte dos Marubos
Pelo cacete dos Korubos
Pelo grito de guerra á á...
Dos Kanamarís...
Ê ê ê iê iê ê...
Remate dos males
Atalaia do Norte
Estirão do equador
Quem conhece um pouco de história da nossa cidade Manaus e do Amazonas,
sabe muito bem que, bem aqui no centro antigo de Manaus moravam várias tribos indígenas
e com o passar dos anos foram sendo exterminadas.
Para sobreviverem, os seus descendentes foram sendo empurrados para
lugares cada vez mais distantes. Para termos uma ideia, os índios do Javari
estão em uma área de mata densa na fronteira com o Peru e a Colômbia.
Na bela toada do Boi Caprichoso, viajamos nos rios que fazem parte do
Vale do Javari, nas tribos que ali
habitam e dos índios arredios, passamos por Atalaia do Norte, além
de mostrar a todos que Javari é uma palmeira amazônica, e que “Nada vale como
um Vale de lágrimas. Vale
pela vida, pelo sangue dos Mayorunas”.
O Rio Javari nasce no Peru, percorrendo mais de mil quilômetros até
desaguar no Rio Solimões, no Palmeiras do Javari, Estirão do Equador e nas cidades
de Atalaia do Norte e Benjamin
Constant.
No passado, havia um ufanismo dos brasileiros ao levantarem a bandeira
com “O Petróleo É Nosso”, com o passar do tempo, os donos são os gringos investidores,
assim mesmo está sendo quando muitos brandam “A Amazônia É Nossa”.
Será, parente? Sei, não! Pelo visto, a Amazônia pertence em sua grande
parte aos madeireiros ilegais, pescadores predadores, garimpeiros, traficantes
de drogas e a todos aqueles que praticam todos os tipos de ilícitos.
O Rio Javari continuará com a sua trajetória, passando pelo Rio Amazonas
até desaguar no mar, mesmo sofrendo e sendo impactado pelas forças do mal, no
entanto, o mundo voltou os seus olhos a ele, bastou dois seres humanos serem mortos
por o defenderem os índios e ribeirinhos do bem que habitam àquele rio.
Dois mártires, o Dominique e o Brunho, irão salvar o Vale e o Rio Javari.
É isso ai.