RITUAL DA TUCANDEIRA
Hoje, 26 de novembro, inicia-se a festa do ritual da tucandeira. Aproveitei um trecho do livro "Conhecendo a Amazônia" (no prelo), do meu irmão Rocha Martins Filho, para os amigos terem uma ideia do evento:
"Antes desta viagem foram com o guia assistir ao “Ritual da Tucandeira”, um evento que acontece anualmente na Comunidade Ariaú, no município de Manacapuru, distante 80 quilômetros de Manaus. O evento é promovido pelo casal Baku e Acey, indígenas da etnia Sateré-Mauê que migraram da cidade de Maués. Alugaram o carro em Manaus, atravessaram o Rio Negro numa balsa tipo ferryboat. De lá pegaram a estrada Manoel Urbano (AM-070) e foram até a Aldeia Sahu-Apé, no Rio Ariaú. Este é o ritual de iniciação para a vida adulta, onde meninos e até meninas enfiam as mãos numa luva cheia de formigas Tucandeiras durante aproximadamente vinte minutos. Os meninos demonstram com este ato que estão aptos para a vida, ganhando respeito e admiração, além da certeza de que estão protegidos contra várias doenças. A Tucandeira é uma formiga cuja picada do ferrão provoca dores durante 24 horas seguidas. Naquele dia foram dezoito meninos e duas meninas que participaram do “Encontro dos Guerreiros”, como foi batizada a programação. Eles vieram de várias comunidades, incluindo a zona rural de Manaus. São necessárias 20 sessões, no mínimo até completar a vida adulta para completar o ritual. Eles ficam com os braços estendidos, inchados e pintados de tinta de jenipapo, dançando para “esquentar o corpo” e suar, depois descansam e submetendo a nova sessão, embora suas mãos ainda continuassem doloridas. Para conhecer um pouco da cultura dos povos da floresta, somente o Sally decidiu participar do ritual. Descreveu a emoção: “A partir do momento em que coloquei a mão dentro da luva já comecei a ser picado. É muito forte, parece que a cada minuto só piora, é como se fosse uma queimadura por dentro da pele, arde demais, elas não param de atacar, é como se uma agulha estivesse se movendo dentro da minha mão. Apesar de tudo, é muito emocionante”, afirmou.
É recomendado aos turistas que desejam participar do ritual que verifiquem antes se possui algum tipo de alergia a insetos. O veneno da Tucandeira é muito forte e pode causar reações graves a quem for ferroado por uma grande quantidade de formigas, como as usadas no ritual. Os indígenas sateré-mawé abriram ao turismo como forma de manter viva a cultura indígena por porte dos mais jovens que vivem na cidade e para diminuir os preconceitos contra os índios por parte dos brancos.
No dia seguinte, retornaram a Manaus. O pajé recomendou ao Sally que evitasse por um mês comidas gordurosas, bebidas alcoólicas e sexo. Evidentemente que o primeiro item ele sempre evitou, agora os dois últimos foi difícil segurar por tão longo tempo."
Observação: Este livro é ambientado na década de 80. Trata de uma viagem de barco, de três suecos e o autor, partindo de Tabatinga, passando por Manaus até Belém.