Nasci no Hospital da Santa Casa de misericórdia, no centro antigo da cidade de Manaus; no momento da minha entrada no mundo, contava a minha saudosa mãe, ouviu o badalar dos sinos da Igreja de São Sebastião, marcando meia-noite, era a passagem do dia 11 para 12 de Setembro de 1956.
O meu nome seria Juscelino, em homenagem ao maior e melhor presidente do Brasil, venceu a minha avó cearense, passei a ser chamado de José ou Zé Rocha, para os íntimos.
Próximos ao local onde nasci fica (ficavam) o Palácio da Justiça, o Teatro Amazonas, o Ideal Clube, a Instituto de Educação, o Colégio Benjamim Constant, o Palacete Miranda Corrêa, a Praça do Congresso, a Praça e a Igreja de São Sebastiao, o Luso Sporting Clube, a Casa do governador Eduardo Ribeiro, a Avenida Eduardo Ribeiro e muitos outros logradouros e prédios históricos de Manaus.
Dessa forma, tive o privilegio de nascer onde aconteceram os principais acontecimentos políticos, sociais, econômicos e culturais da nossa cidade.
A minha origem foi humilde, fui morar numa Casa Flutuante, no Igarapé de Manaus, onde tive a oportunidade de ser um ribeirinho, acompanhando a enchente e a vazante do Rio Negro.
A minha casa ficava próximo ao Palácio Rio Negro, presenciei, apesar da tenra idade, o jogo político da década de 60 - o governador Gilberto Mestrinho fazia o maior sucesso entre a molecada; o governador Plínio Coelho, morava na Rua Huascar de Fiqueiredo, vi quando a sua residência foi invadida pelos militares da Revolução.
Frequentei os Cines Éden, Polytheama, Odeon e Guarany; estudei no Colégio Barão do Rio Branco; as minhas doenças eram tratadas no Hospital Beneficente Portuguesa e no Hospital da Criança; fazia compras no Mercado Adolpho Lisboa; morcegava carroças e andava de ônibus de madeira; caminhava tranquilamente pelas Avenidas Sete de Setembro, Joaquim Nabuco e Getúlio Vargas, além das Ruas Major Gabriel, Lauro Cavalcante, Huascar de Figueiredo e Ipixuna e, gostava de pular das Pontes Romanas I e II.
Por ser filho de Luthier, tive o privilégio de conviver com músicos, artistas plásticos, boêmios, cantores e intelectuais -, eram frequentadores habituais da oficina de violões do meu saudoso pai Rochinha.
Na minha adolescência fui morar na Vila Paraiso, centro, estudei nos Colégios da Divina Providência, Benjamim Constant e no Instituto de Educação do Amazonas. Na maioridade, estudei na Faculdade de Estudos Sociais, na Rua Monsenhor Coutinho; passeava pela Praça da Saudade e do Congresso, Rodoway e Aviaquário; brincava nas piscinas do Rio Negro Clube e Parque 10 de Novembro; ia ao Festival Folclórico do General Osório; frequentava as Igrejas de São Sebastião, Matriz, Dom Bosco e dos Remédios.
Depois de passar cinquenta anos da minha vida dormindo em berços esplêndidos, resolvi sair da longa hibernação cultural -, passei, faz pouco mais de três anos, a escrever “certo” por linhas tortas, tendo como pano de fundo, exatamente a Manaus antiga e contemporânea, focando aqueles prédios, ruas, praças, monumentos e lugares ao redor da qual onde nasci e convivi por todo esse tempo.
Confesso que conheço muito pouco sobre a história da nossa cidade, mas com o despertar, ainda que tardio, levou-me a uma sede diária de conhecimentos, busco ler até bulas de remédios antigos, passei a me preocupar mais com os nossos monumentos, com os prédios históricos, com as praças e com o nosso povo; comecei também a frequentar sebos, livrarias, teatros, participar de eventos culturais, militar em movimentos sociais, enfim, estou numa corrida muito grande contra o tempo, para adquirir conhecimentos sobre o passado, com o intuito de compreender o presente e tentar visualizar o futuro da nossa cidade.
O blog é uma ferramenta de que disponho para chegar a este objetivo – tenho uma interação muito grande com pessoas de todo o nosso querido Brasil e de Portugal. Não posso me dedicar muito ao desenvolvimento do blog, pois ainda estou na ativa, pensando bem, não quero nunca me aposentar; quando um dia a morte chegar ao meu encontro, espero ainda estar trabalhando e escrevendo.
A minha cidade de Manaus é tudo isso que escrevi e escrevo, está no meu sangue, na minha mente, no meu passado e no meu presente -, luto e, lutarei sempre, para ela ser cada vez mais bonita, linda, arborizada, revitalizada, com um povo ordeiro e feliz, uma simbiose da cidade com a sua gente, preservando a sua cultura e a beleza da Amazônia. Sonhar não custa nada!
Manaus, minha cidade querida! Parabéns pelo seu aniversário!
Fotos:
antiga: Praça do Congresso ( A Favorita)
atual : Parque do Mestre Chico (J. Martins Rocha)
Um comentário:
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Rochinha: o que posso expressar senão minha indignação e revolta por saber de enorme ignorância desse reitor da UEA que deveria estar em outro lugar?
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