Um baiano que ficou famoso na paulicéia desvairada e, foi ídolo de uma geração na manô de mil contrastes, cantando e encantando multidão com o seu estilo musical brega romântico.
Ele perambulava por São Paulo, engraxando os sapatos da negada, sempre cantarolando, era namorador e boêmio inveterado, de repente, alguém o descobriu e o levou para gravar, em 1960, um disco de vinil na gravadora Chantecler, com o título “Quem és tu”.
O seu disco não teve nenhuma repercussão em Sampa, o jeito foi voltar a ser engraxate e levar a sua vidinha de sempre. Depois de seis meses, o seu empresário foi procurá-lo, levando um paletó novinho em folha e uma passagem aérea – o homem estava fazendo o maior sucesso nos puteiros de Manaus!
O cara ficou fissurado por Manaus e pelas caboquinhas do pedaço, dizem que ele era faixa preta de karatê e pegador das mulheres dos outros, tanto que deu de pau em cima do Tigre da Amazônia, um famoso lutador de luta livre, bateu no brabo e ainda levou a sua namorada para São Paulo.
Ele ficou imensamente apaixonado por Manaus, vinha quatro vezes ao ano para a nossa cidade, gostava de cantar nos puteiros, tornando-se um ídolo no bairro de Educandos, onde costumava frequentar a Peixaria São Francisco.
Em 1963, já era conhecido nacionalmente, para ser ter uma ideia, em apenas três anos de carreira musical tinha gravada uma dúzia de discos, mas, não esquecia a sua cidade querida, tanto que gravou um LP denominado “Manaus, Meu Paraíso” - a letra era mais ou menos assim “Adeus, Manaus! Está chegando a hora da partida. Adeus, Manaus! Meu Deus será por toda a minha vida!
Quando não estava na nossa cidade, a briga ficava com os pop-brega Abílio Farias e Nunes Filhos, eles eram “cover” do homem, disputavam para ser o “Waldick do Amazonas”, se vestiam de preto, com paletó, gravata, chapéu e óculos escuros.
O seu maior fã até hoje, chama-se Jokka Loureiro, um misto de cantor, compositor e dono de peixaria em Manaus. Pois bem, o Jokka possui todos os discos do cantor, além de centenas de fotografias em que ele aparece ao lado do seu ídolo maior – os dois eram amigos do peito, parecia unha e carne, gostavam de tomar cachaça, cantar nos puteiros e detonar as primas do “Lá Hoje”.
Lembro da única vez em que vi o Waldick em Manaus, foi no dia da decisão da Copa do Mundo de 1970, eu era apenas um moleque e estava comemorando a decisão do nosso Brasil frente à Itália, estava na Avenida Eduardo Ribeiro, quando avistei o cantor tomando uma birita num bar que ficava ao lado do Teatro Amazonas.
Foram quarenta anos de convivência com a nossa terra, esteve em 2002 pela última vez em Manaus e, em 2006 foi diagnosticado que tinha um câncer de próstata, vindo a falecer em 2008, no Instituto Nacional do Câncer, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro.
O Waldik se foi, ficou a lembrança de um baiano querido e amado pelos manauenses, um ídolo em Manaus. É isso ai.
excelente postagem, como sempre, a sua... bravo!
ResponderExcluirSou baiano de Juazeiro, acho que sou suspeito de falar de Waldick. Gosto de suas músicas e da sua história. Saudades do grande cantor romântico!
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